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A quem interessa uma terceira guerra mundial?

A recente escalada da “guerra não oficial” entre Irã e EUA, que já dura pelo menos 70 anos.

08/01/2020 às 15h19
Por: Carlos Oliveira
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Não é de hoje que o mundo acompanha temeroso os conflitos bélicos no Oriente Médio. A recente escalada da “guerra não oficial” entre Irã e EUA, que já dura pelo menos 70 anos, se deu após a recente morte do general das forças militares do Irã pelos americanos. Os dois países já haviam cortado as relações diplomáticas desde 1979, quando estudantes iranianos invadiram a embaixada americana em Teerã, tomando como reféns diversos funcionários diplomáticos. Desde esse incidente diplomático, as hostilidades entre as duas nações não pararam. Os motivos do conflito são religiosos, e sobretudo econômicos, haja vista que nessa região estão as maiores reservas de petróleo do mundo. A novidade é a torcida alienada de ambos os lados.

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Sem saber o que de fato acontece na região e nem mesmo as possíveis e desastrosas consequências dessa troca de provocações e ataques, milhares de internautas opinam, fazem memes e vibram a cada capítulo desse perigoso jogo de poder. Por memória curta ou ignorância, parecem desconhecer ou desconsiderar as (100 milhões) de mortes nas duas primeiras guerras mundiais. Por isso, vamos aos fatos.

O governo brasileiro, em toda a sua história de política externa diante de conflitos militares, sempre procurou seguir as orientações da ONU (Organização das Nações Unidas). Por outro lado, devido a fatores religiosos e ideológicos, os brasileiros tendem a manifestar predileção por um ou outro lado. Os cristãos, que são maioria absoluta no país, tendem a ficar do lado dos EUA, devido à sua aproximação com Israel, que eles consideram “terra sagrada”. Por outro lado, o Irã, histórico aliado da Rússia, é afagado por militantes da esquerda, que combatem toda forma do que eles chamam de “imperialismo norte-americano”. Isso ficou bem claro com a visita inédita do então presidente do Irã, Ahmadinejad, ao Brasil no governo Lula em 2009.

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Não obstante a tradição diplomática brasileira construída até então, com Bolsonaro, o Brasil começa também politicamente a se aliar aos Estados Unidos. A nota divulgada pelo governo após os ataques americanos no Iraque que matou o general iraniano deixa clara a leve mudança no posicionamento do país em matéria de política externa. Bolsonaro foi eleito na garupa do discurso político do seu ídolo Donald Trump, que prega o “aniquilamento” da esquerda na América. Além disso, o presidente Bolsonaro, que é cristão, também é entusiasta do estado de Israel, país que inspirou parte de seu discurso político “veja o que eles não têm e são; veja o que nós somos e não temos”, dizia ele na campanha de 2018. Soma-se a isso a bancada evangélica, principal base do governo no congresso e defensora escatológica de Israel, que pressiona o presidente a transferir a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém.

Na prática, o que o Brasil tem a ganhar e a perder nisso tudo?  No campo comercial: a neutralidade do país ajudou o país a manter boas relações políticas e comerciais, por assim dizer, com "gregos e troianos". O Irã é um dos maiores compradores de milho e carne bovina brasileira. Por outro lado, o governo brasileiro pode ou pelo menos, espera obter vantagens com as declarações de apoio aos Estados Unidos. Para além do Irã, o Brasil poderá afetar também o comércio com outros países islâmicos.

No campo da segurança: ainda que o governo iraniano tenha ameaçado atingir "alvos americanos" e aliados dos Estados Unidos, é improvável ou pelo menos difícil que brasileiros sejam alvos de ataques violentos em resposta ao alinhamento do governo Bolsonaro com os EUA. A princípio, o efeito (na área de segurança) deve ser nulo. O Brasil não é ameaça, logo não é alvo e nem está no radar. Até porque, essa queda de braço é muito desproporcional. O país persa sabe que os Estados Unidos têm, literalmente, um exército centenas de vezes superior ao seu. Por exemplo, de acordo com o Global Firepower que mede o ranking dos exércitos mais poderosos do mundo, o Irã gastou em 2018 cerca de R$ 6 bilhões de dólares com defesa, frente aos 716 bilhões dos EUA que têm o maior exército do mundo; o Brasil gastou 29 bilhões no mesmo período e figura como o 13º mais poderoso exército no ranking.

Deixando as intrigas, os fatos, os números e as especulações de lado, o mais prudente a ser feito é nos apegarmos aos princípios e valores que regem a nossa nação, isto é, solidariedade, união, amor e paz. Como bem disse Jesus, o príncipe da paz: “Tenho-vos dito isto, para que tenhais paz. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”. Ou como disse Jean-Paul Sartre: “Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem”. Ou seja, a guerra só interessa aos ricos.

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Carlos Oliveira
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