A greve dos caminhoneiros produziu, até o momento, resultados tímidos e pontuais que beneficiarão em especialmente os próprios grevistas. A tão ‘utópica’ e aclamada intervenção militar, pelo que parece, não passou nem perto de acontecer. Não se alcançou também, a redução geral dos combustíveis e a necessária limpeza geral nos três poderes da república. No entanto, por outro lado, ficou escancarada a ‘espinha dorsal’ do nosso problema, evidenciando as verdadeiras intervenções que precisamos, a saber:
Primeiro: intervenção da empatia. É lastimável, que num momento de comoção em que vivemos, vejamos comerciantes praticando preços abusivos em produtos de primeira necessidade como alimentos e gás de cozinha. Apático também, revelou ser muitos cidadãos que se dispuseram a ficar horas numa fila para abastecer seus veículos, enquanto milhares de caminhoneiros se sacrificavam por todos nós para mudar a política de preços praticada pelo governo;
Segundo: intervenção da ação. Em pesquisa realizada pelo Datafolha, 87% dos brasileiros se declararam favoráveis à greve. No entanto, nem de longe esses “apoiadores” se juntaram aos caminhoneiros para dá corpo ao movimento. Pode-se dizer que somos um povo de muita oração e ideias, porém, de pouca atitude. É razoável pensar, que se tais ‘torcedores’ tivessem se mobilizado de fato, e não só na internet, resultados maiores teriam sido alcançados;
Terceiro: intervenção da democracia: se por um lado, a Constituição Federal resguarda o direito à greve e à livre manifestação, por outro garante o direito de ir e vir, como um dos pilares da democracia. Não se justifica impedir o trânsito das pessoas em nome de um suposto bem coletivo. Pois (parafraseando Kant) se todas classes sociais assim o fizer, viveremos um caos social sem precedentes;
Quarto: intervenção de imparcialidade na mídia nacional: é flagrante “a operação abafa greve” promovida pelos grandes veículos de comunicação do Brasil. Mais do que imparcial, a atuação desses grupos durante os protestos se mostraram elitista, isto é, favorável aos interesses das corporações econômicas diversas, das aéreas às grandes transportadoras, em detrimento do interesse social que por força de lei é o objetivo das concessões públicas;
Quinto e último lugar: em que pese a importância das intervenções acima citadas, esta última se mostra a mais urgente e necessária, a saber, a intervenção educacional. Como já dissera Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros”. Somente quando o brasileiro acordar para a verdadeira arma do cidadão (conhecimento), é que poderemos sonhar com ‘olhos abertos’ e ter esperança de um país melhor e justo. Precisamos intervir nas atitudes desvirtuadas do dia a dia, que são verdadeiros “embriões” da repudiada corrupção. Ou como disse Jesus “Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito”.
Resumindo: não haverá futuro promissor enquanto o brasileiro furar a fila do banco, fizer ‘gato’ na rede elétrica ou hídrica, comprar produtos piratas e contratar as ‘Sky Gato’, estacionar na vaga do idoso, trocar o voto por benefícios individuais, fazer política com paixão e não com razão, e sobre tudo, investigar a vida pregressa dos seus candidatos. Concluo com uma reflexão de (Mahatma Gandhi) “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.
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