Todo posicionamento humano deve ser pautado em inferências racionais e não em impulsos emotivos. Para se ter um bom posicionamento é necessário levar em consideração o tripé; tese, antítese e síntese, e é isso que proponho fazer neste ensaio.
Qual o sistema político, social e financeiro é ideal? Na verdade muitos o podem ser. O capitalismo, por exemplo, é compreendido como um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos em que as decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo e os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores por essas.
Se este sistema fosse levado ao pé da letra, e nele as leis fossem observadas, como por exemplo; o artigo 5º da constituição, ele seria um oásis. Mas, na prática, a história é outra; o capitalismo glorifica o crescimento em meio à competição cruel, por isso produz grandes atos de violência e privação capitaneados por uma suposta ‘meritocracia”. No entanto, de alguma forma seus defensores estão convencidos de que ele é sempre, e em toda parte, uma força impulsionadora da justiça e da liberdade. Deixe-os convencer as dezenas de milhões de pessoas que morrem de desnutrição todo ano por sua incapacidade de solucionar uma situação paradoxal e crônica; os rendimentos de 1% das pessoas mais ricas do mundo são compatíveis àqueles de 57% da população mais pobre do planeta, e de quebra a metade da comida do mundo é jogada fora para perpetuar esse triste colapso social. Portanto, o mito do “comunismo opressivo” é sinônimo do “capitalismo libertador”.
O comunismo, por sua vez; é uma ideologia que prega a abolição da propriedade privada e o fim da luta de classes, além da construção de um regime político e econômico que possibilite o estabelecimento da igualdade e da justiça social entre os homens. Porém, na prática, o que se viu foi outra coisa. Países como China, Cuba, Coréia do Norte e outros tantos, conseguiram manchar todo um ideal de igualdade e solidariedade pregados pelo verdadeiro comunismo. A de se considerar, entretanto, que esses países não são, nem de longe, estados comunistas, mas sim ditaduras ou seja lá o que for.
Infere-se dessas premissas que o problema não é nem um, nem outro modelo, e sim o egoísmo humano, capaz de transformar até o mais puro Éden em um mundo tão desigual, individualista e materialista. A ideia de que todos estamos fazendo escolhas livres é desmentida por esses dados e pela experiência de centenas de milhões de pessoas que sofrem ás consequências dessa fome incontrolável e inconsequente pelo poder. A maioria de nós nos encontramos atrelados às pressões da competição. Estamos estressados, exaustos, sozinhos, em busca de significado para a vida como se não estivéssemos no controle dela. E não estamos; o sistema está. Se você não concorda, tente deixá-lo.
Entretanto, como cristão, tenho que fazer um comparativo bíblico ante ambas ideias, para só então, chegar à uma síntese (conclusão) plausível e coerente. Por exemplo; em Mateus, Cap-19 Jesus disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me” e Atos, cap-4; “Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade”
Assim sendo, diante desse contexto, compreendo que as ideias comunistas estão mais alinhadas à teologia cristã que as do capitalismo.
Por:Carlos Oliveira