O novo volume da série Cadernos RS no Censo 2022 com o tema “ Pessoas com deficiência e pessoas no espectro autista ”, publicado nesta sexta-feira (11/7), apresenta um panorama detalhado sobre a população com deficiência e as pessoas diagnosticadas com transtorno do espectro autista no Rio Grande do Sul. O levantamento reúne indicadores sobre perfil demográfico, condições de moradia e níveis de escolaridade, a partir dos dados coletados pelo Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O material foi elaborado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). A publicação é fruto do trabalho da equipe técnica da Divisão de Análise de Políticas Sociais, sob coordenação da pesquisadora Mariana Lisboa Pessoa, com apoio técnico de Ricardo César Gadelha de Oliveira Júnior.
Pessoas com deficiência representam 7,2% da população gaúcha
O levantamento do último Censo, em 2022, aponta que o estado contava com 772.077 pessoas com deficiência, o equivalente a 7,2% da população total, proporção semelhante à média nacional de 7,3%. A maior parte desse grupo era formada por pessoas brancas (76,8%), seguidas por pardas (15,4%) e pretas (7,4%). Os dados indicam que a ocorrência de deficiência cresce conforme o avanço da idade.
Em relação à escolaridade, o caderno mostra que 12,8% das pessoas com deficiência com 15 anos ou mais não sabiam ler nem escrever, índice mais de seis vezes superior ao registrado entre pessoas sem deficiência na mesma faixa etária. Já no ensino superior completo, pessoas com deficiência com superior completo apresentaram percentuais acima da média estadual, que era de 7,2%. Entre pessoas amarelas, 12,9% haviam concluído a graduação, e entre brancas, 8,2%.
Censo identifica 124 mil pessoas autistas no estado
O estudo do Censo registrou 124.231 pessoas diagnosticadas com autismo no Rio Grande do Sul, em 2022, correspondendo a 1,1% da população estadual, percentual inferior à média brasileira de 1,2%. Entre homens, a prevalência foi de 1,4% no Estado, enquanto entre mulheres ficou em 0,9%. O recorte por cor ou raça mostra que 78% das pessoas autistas eram brancas, 15% pardas e quase 7% pretas. Com menor expressão, indígenas correspondiam a 0,3% e pessoas amarelas, a 0,1%.
Os dados do caderno mostram que a taxa total de escolarização das pessoas com autismo era 34,4%, superior à de quem não tinha diagnóstico (22,2%). No entanto, nas faixas etárias de 15 a 17 anos e de 18 a 24 anos, a escolarização era menor entre pessoas autistas (85,9% e 30,2%, respectivamente) do que entre as sem diagnóstico (79,2% e 29,4%).
Os dados do Censo 2022 indicam que a escolarização de pessoas com autismo no Rio Grande do Sul apresenta desigualdades marcantes conforme raça e idade. No total, pessoas autistas pardas (39,1%) e brancas (34%) registraram as maiores taxas de frequência escolar. Já entre pretas (28,8%), indígenas (24,8%) e amarelas (23,7%), os percentuais foram mais baixos.
Entre crianças e adolescentes de seis a 14 anos, as taxas de escolarização eram altas em todos os grupos. Porém, na faixa de 15 a 17 anos, as diferenças se ampliaram. A escolarização caiu para 66,4% entre jovens pretos e chegou a apenas 21,4% entre indígenas, indicando barreiras mais acentuadas à permanência escolar.
Saneamento e infraestrutura residencial
De acordo com o Censo 2022, no Rio Grande do Sul, praticamente todos os domicílios com moradores com deficiência tinham banheiro de uso exclusivo (99,5%), proporção muito próxima da verificada entre residências sem pessoas com deficiência (99,6%).
Em relação ao acesso à água potável, 85,1% das casas com moradores com deficiência utilizavam a rede geral como principal fonte, frente a 86,7% entre aquelas sem pessoas com deficiência. Nos domicílios com pessoas diagnosticadas com autismo, o percentual foi um pouco maior (87,8%).
Quanto ao destino do lixo, 94,5% dos domicílios com pelo menos uma pessoa com deficiência contava com coleta regular. Os outros 5,5% ainda faziam o descarte de forma inadequada ou informal, incluindo queimar (4,3%), enterrar (0,7%) e descartar em áreas públicas (0,1%).
Texto: Marcelo Bergter, Ascom/SPGG
Edição: Secom