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Delegada de Paracatu fala dos desafios na profissão, desigualdade de gênero e violência contra a mulher

Entrevista exclusiva com a Dr. Thais Regina, delegada titular da delegacia de combate ao tráfico de drogas e delegacia de homicídios.

Paulo Sérgio
Por: Paulo Sérgio Fonte: Paracatunews
16/03/2018 às 23h49 Atualizada em 17/03/2018 às 17h27
Delegada de Paracatu fala dos desafios na profissão, desigualdade de gênero e violência contra a mulher
Paulo Sérgio/Paracatunews

O dia internacional da mulher passou, entretanto, sabemos que o dia da mulher é todos os dias, pois a mulher não se limita e mostra a sua garra e força todos os dias. Em uma entrevista exclusiva, A delegada de polícia Dra. Thais Regina Silva, fala da sua trajetória e das dificuldades enfrentadas por ser mulher e sobre a desigualdade de gênero.

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A delegada Thais Regina Silva, de 31 anos, nasceu na cidade de Ituiutaba em Minas Gerais, foi titular da delegacia da Criança e do Adolescente, e da Delegacia da Mulher em Paracatu, por quase três anos e hoje, é delegada titular da delegacia de combate ao tráfico de drogas e a delegacia de proteção à pessoa (delegacia de homicídios).

Thais, juntamente com a família se mudou para a cidade de Uberlândia, onde se formou em bacharel em direito, na Universidade Federal (UFU) e desde então, passou a estudar para concursos públicos, onde fez o Exame da OAB, e licenciou após a aprovação no concurso para delegada de Polícia Civil de Minas Gerais. “Sempre quis ser delegada de Polícia, e ser delegada no meu Estado, é um presente muito grande”.  Passei no concurso com 26 anos, tomei posse e fui nomeada para a cidade de Paracatu, onde já estou há cinco anos. -Disse  

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Qual a Dificuldade para mulher hoje no mercado de trabalho e no seu dia a dia

É Cultural a questão do preconceito, o fato da mulher exercer a mesma função que os homens e receber um salário inferior, isso é fato. Diariamente, as mulheres tem obtido espaço e tem conseguindo modificar esta realidade, porém, estamos muito longe de alcançar essa equiparação. Deixando muito claro, que as mulheres não busca uma igualdade com os homens, nos buscamos uma equiparação de direitos.  - Frisou Thais.

A mulher não deve ser tratada como homem, ela deve ter as suas individualidades respeitadas e ser tratada de maneira igual, na medida das nossas igualdade. Tem uma frase que eu gosto muito que diz assim, “Nos devemos se tradadas como iguais, quando a diferença nos inferioriza, e nos devemos se tratadas diferentes quando a desigualdade nos descaracteriza”.  É bem isso, guardadas as devidas proporções, respeitado as diferenças físicas e biológicas. Nós buscamos a equiparação de direitos. – Ressaltou Thais

Apesar deste preconceito que existe sim, principalmente no setor privado que vemos diariamente; Já no setor público eu vejo a realidade feminina mais tranquila. Eu como delegada de polícia, prestei o concurso público em condições de igualdade com os homens, claro, que os testes físicos foram respeitados, as notas e as especificações eram diferentes, mas várias delegadas foram aprovadas neste concurso. “Sempre tive e tenho o respeito muito grande de toda aminha equipe de trabalho”. - Destacou

Violência contra a mulher

A realidade de violência contra a mulher em Paracatu é um pouco assustadora, diariamente nos deparamos na delegacia com ocorrências ligadas a violência de gêneros e contra mulher. A maioria das ocorrências estão ligadas a violência psicológica, ameaças, difamação, injúrias e  lesão corporal, além de violência sexual e  emocional, chegando até ao crime de feminicídio.

Leis de apoio e proteção à mulher

De acordo com Thais, entraram em vigor alguns instrumentos que tentam combater esta realidade, como a leia Maria da Penha, que veio para tentar coibir e prevenir a violência familiar e contra a mulher. O femiminicio, que na verdade e uma qualificadora especifica para o crime de homicídio, não que antes os crimes praticados contra mulher não fossem punidos da mesma forma, eram, porém, com outras qualificadoras. A partir da alteração penal, tivemos esta qualificadora especifica para o crime contra a mulher. - Salientou Thais.

Políticas públicas

Punir de forma mais severa e servirem de forma de instrumento para as vítimas, não resolve o problema. Na verdade, a violência contra mulher é uma questão cultural que deve ser tratada como tal, é uma questão social também, que não só se resolve em sede de delegacia e poder judiciário. Ela tem que ser tratada com política pública, ela tem começar dentro de casa com os filhos, ela tem que ir para escola, local de trabalho e para qualquer lugar. Não é só  necessário a conscientização dos agressores, mas também das pessoas que são agredidas. A mulher precisa entender que ela não é refém daquela situação, e que ela não está errada em ser vítima, e que ela não precisa permanecer naquela situação. As mulheres precisam ser empoderadas e perceberem que são capazes de não viverem na situação de violência. – Afirmou  Dr. Thais.

Denunciar o crime de violência

Muitas mulheres sofrem violência caladas, por acharem normais, e hoje, a lei Maria da Penha trouxe hoje incondicionalidade da ação penal, neste caso, ela não está mais condicionada a representação. Se alguém tomou ciência de um caso de violência contra a mulher, ele pode informar a polícia, para que as providências sejam tomadas.  

A delegacia da mulher, hoje, está aos cuidados do delegado Dr. Edésio, e conta com uma equipe disponível apara atender qualquer caso de violência contra a mulher. Denuncias também podem ser feitas via  181, não sendo preciso se identificar. - Finalizou Thais.

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