A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), por meio do Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro do 16º Departamento de Polícia Civil, com o apoio da Secretaria de Fazenda e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), deflagrou na manhã desta terça-feira (26) a Operação Caça-Fantasmas.
A ação visa desmantelar uma organização criminosa instalada na cidade de Unaí/MG, especializada em crimes como estelionato, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas públicos, uso de documentos falsos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
O esquema criminoso
As investigações apontam que o grupo criou cerca de 268 empresas fantasmas, distribuídas em diversos estados brasileiros, com o objetivo de praticar estelionato contra produtores rurais e sonegar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Estima-se que a organização tenha causado um prejuízo fiscal de aproximadamente R$ 600 milhões, além de movimentar mais de R$ 5 bilhões em transações fraudulentas por meio de notas fiscais frias.
Entre os membros identificados estão:
• Administradores das empresas fantasmas: responsáveis pela abertura de empresas e contas bancárias em nome de “laranjas”, utilizando as estruturas para emitir notas fiscais frias e aplicar golpes.
• Contadores: recrutavam laranjas e providenciavam a documentação necessária.
• Agentes de certificação digital: emitiram certificados digitais para viabilizar as fraudes, em alguns casos utilizando pessoas em situação de vulnerabilidade como dependentes químicos ou indivíduos com baixa instrução.
Lavagem de dinheiro e dissimulação dos lucros
Os lucros obtidos com o esquema eram integrados em negócios lícitos na cidade de Unaí, como construção civil, aquisição de imóveis, supermercados, academias, casa lotérica, cafeterias, postos de combustíveis e lojas de conveniência.
Medidas cautelares
Para desarticular o grupo, a Justiça expediu uma série de medidas cautelares, incluindo:
• 88 mandados de suspensão de atividades econômicas e bloqueio de contas de empresas envolvidas.
• 117 mandados de sequestro de veículos, incluindo caminhões e carros de luxo.
• 45 mandados de sequestro de imóveis, como fazendas e propriedades comerciais.
• 10 mandados de prisão preventiva de líderes do esquema.
• 34 mandados de busca e apreensão, concentrados em Unaí/MG.
• Bloqueio de diversas contas bancárias operadas pelos suspeitos.
Mobilização policial
A operação envolveu um efetivo de 80 policiais civis, 10 delegados, 2 promotores de justiça e 27 agentes da Receita Estadual.
As investigações continuam para aprofundar os desdobramentos do esquema e identificar possíveis outros envolvidos. A ação reflete o compromisso das forças de segurança pública com o combate a crimes de grande impacto econômico.