Aumentar o efetivo das Polícias Militar e Civil. Essa foi uma das principais demandas de participantes de audiência pública da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta quinta (16), no município de Riachinho, cidade de cerca de 8 mil habitantes, localizada entre o Norte e o Noroeste de Minas.
A reunião, solicitada pelos deputados Sargento Rodrigues (PDT), que preside a comissão, Gustavo Corrêa (DEM) e Inácio Franco (PV), teve o objetivo de discutir alternativas para combater o aumento da criminalidade no município e região.
Segundo o prefeito de Riachinho, Valmir Gontijo Ferreira, a comunidade demandou essa discussão. “Precisamos do aumento do efetivo policial. Apesar de pequena, a cidade tem crescido muito com agências bancárias, lotérica, Correios e comércio. Temos apenas sete policiais militares aqui. Com mais profissionais, é possível fazer uma escala de trabalho”, salientou.
O chefe do Executivo municipal solicitou que o número de policiais fosse ampliado para 12. Acrescentou, ainda, que o plantão regionalizado em Unaí é um dificultador. Por causa disso, os policiais da cidade precisam se deslocar por cerca de 180 quilômetros para encerrar uma ocorrência.
Para o prefeito de Urucuia (Noroeste do Estado), Geraldo Anchieta Rosário Oliveira, é preciso criar patrulha rural nos municípios da região. “Temos comunidade rural distante até 60 quilômetros da sede. Isso traz muita dificuldade ao trabalho da polícia”, ressaltou. Ele também destacou que é preciso fortalecer o trabalho de inteligência da Polícia Civil para o combate à entrada de drogas nas cidades.
Já o prefeito de Natalândia (Noroeste do Estado), Uadir Pedro Martins de Melo, destacou que a região é muito vasta e não conta com o número de policiais suficiente. Ele salientou que, como gestor municipal e policial reformado, compreende as dificuldades dos dois lados.
O professor João Gualberto Pereira Martins, de Riachinho, enfatizou que não há mais delegacia da Polícia Civil na cidade. Ele destacou que, há mais de um mês, a cidade passou por uma onda de furtos. “Os bandidos estavam audaciosos, arrombaram casas. A polícia interviu e prendeu algumas pessoas”, relatou.
Os prefeitos presentes na reunião também solicitaram apoio para a instalação de posto para que a população possa fazer sua carteira de identidade. Eles enfatizaram que o serviço é oferecido em Unaí, mas que a distância, muitas vezes, impossibilita que uma pessoa de origem humilde faça o deslocamento.
Autoridades policiais destacam iniciativas
Segundo o subcomandante do 28º Batalhão da Polícia Militar, em Unaí, major Walter Carlaid, em abril deste ano, ocorreram 14 furtos em Riachinho, sobretudo, a residências. Esse fato decorreu da vinda de um traficante e receptador de Buritis (Noroeste do Estado) e contou com a participação de menores de idade da cidade.
O major relatou que essas ocorrências aumentaram a sensação de criminalidade em Riachinho, mas que a situação já foi contornada. O traficante foi preso em uma operação. E em maio deste ano, os furtos se reduziram para três. Carlaid acrescentou que a região apresentou queda de 30% de crimes violentos, se comparadas a primeira quinzena do mês de junho deste ano e a do ano passado. Ele atribui essa queda a operações realizadas.
Walter Carlaid enfatizou que a polícia se preocupa com as necessidades da região como a que se refere ao aumento do efetivo. O 28º Batalhão, conforme relatou, atende a 12 cidades, inclusive Riachinho.
O chefe do Departamento de Polícia Civil de Unaí, delegado-geral Marcos Tadeu de Brito Brandão, destacou que a resposta aos furtos ocorridos em abril em Riachinho foi dada de forma conjunta pelas Polícias Civil e Militar, que trabalham muito integradas na região.
Ele relatou que foi negociada a instalação de um posto de identificação em Natalândia, que a prefeitura cederia uma funcionária, mas que essa pessoa deve passar por um curso em Belo Horizonte, ainda não aberto. Tadeu Brandão salientou ainda que a delegacia de Riachinho não contava com nenhum tipo de segurança.
Parlamentar faz coro às reivindicações da região
De acordo com o deputado Sargento Rodrigues, a falta de efetivo por parte das Polícias Militar e Civil tem sido comum em municípios da região. “Para o cidadão que aqui se encontra, há uma preocupação enorme com a criminalidade. Ocorreu assalto de grande proporção e as polícias deram resposta a altura, mas o furto e o roubo de rotina também incomodam a comunidade”, disse. Em sua opinião, problemas com o efetivo se resolvem somente com a determinação do governador.
O deputado também ressaltou que outro problema diz respeito ao plantão regionalizado. “O Noroeste é a região que mais sofre com esse tipo de plantão regionalizado. Uma cidade não pode ficar desguarnecida por horas sem viatura. Cidade sem força policial fica fragilizada”, afirmou.
Por fim, o parlamentar salientou que serão apresentados requerimentos destinados a autoridades, pertinentes a demandas levantadas na reunião. Entre eles, pedido para o aumento dos efetivos policiais e para a viabilização de posto de identificação.