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Rompimento de barragens deixa rastros de destruição em Mariana,MG

Bombeiros confirmam uma morte e o desaparecimento de 45 pessoas após o rompimento de duas barragens de contenção de rejeitos da empresa Samarco, no distrito de Bento Rodrigues.

Paulo Sérgio
Por: Paulo Sérgio Fonte: Foto: Luis Eduardo Franco/TV Globo
06/11/2015 às 10h09
Rompimento de barragens deixa rastros de destruição em Mariana,MG

Um rompimento de duas barragens de contenção de rejeitos da empresa Samarco, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, deixa dezenas de desaparecidos na tarde de quinta-feira (5).

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De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Extração de Ferro e Metais Básicos de Mariana (Metabase) entre 15 e 16 pessoas teriam morrido e 45 estão desaparecidas.

Moradores das regiões de Paracatu e Paracatu de Baixo devem deixar suas casas porque há perigo de a área ser atingida pelo rejeito. Após tragédia em Bento Rodrigues, a falta de água potável está é evidente, já que dejetos tóxicos ameaçam atingir vilas vizinhas, além de contaminar rios da região. 

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 Os bombeiros militares de Ouro Preto estão nas buscas por pessoas desaparecidas. Algumas localidades os resgates de sobreviventes só  é possível, por meio de helicóptero.Os moradores de Bento Rodrigues fazem uma fila indiana carregando crianças, animais de estimação e os poucos pertences que conseguiram salvar.  

A prefeitura de Mariana ainda não decretou estado de emergência, mas segundo a assessoria de imprensa do executivo, isso deve ser feito ainda na manhã de hoje. 

 O diretor-presidente da Samarco Mineração, Ricardo Vescovi, afirmou que foram duas as barragens -  Fundão e Santarém -, que se romperam no dia de ontem, inundando o subdistrito de Bento Rodrigues. As barragens do Fundão e de Santarém vieram abaixo, arrastadas pelos rejeitos de mineração que represavam. Inicialmente, acreditava-se que apenas a barragem do Fundão tinha sido destruída. As duas ficam na unidade industrial de Germano, instalada entre as cidades de Mariana e Ouro Preto. Vescovi reiterou que as causas ainda não estão confirmadas

O governador  de Minas Fernando Pimentel afirmou que o governo vai apurar com rigor os motivos que levaram ao rompimento das barragens, em Mariana. "Não sabemos a extensão, mas sabemos que é muito grave", afirmou. O governador destacou que a prioridade é socorrer as vítimas e segue nesta manhã para o local do acidente. 

Testemunha do acidente que destruiu o vilarejo de Bento Rodrigues, Andrew Oliveira Gomes, disse que tremores foram sentidos horas antes da tragédia. Os abalos aconteceram na hora do almoço, mas todos funcionários continuaram a trabalhar normalmente. Por volta das 16h30, os tremores se intensificaram. “Quando olhei para baixo, o chão estava todo rachado”, contou ele, narrando como fez para escapar

Relatório mais recente da Feam indica que 8% das 754 barragens de contenção de rejeitos em Minas Gerais não são seguras e têm alto risco de dano ambiental

O Inventário de Barragem do Estado de Minas Gerais (Ano 2014), elaborado pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), mostrou que 8% das estruturas de contenção de rejeitos no estado – marcado pela atividade minerária – não têm as necessárias condições de segurança declaradas pelos auditores dos empreendimentos. Além disso, outras não dispõem de informações técnicas suficientes para esse tipo de garantia.

Os riscos não controlados provocaram grandes tragédias no estado: em São Sebastião das Águas Claras (Macacos), em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 2001; em Cataguases, em 2003 e Miraí, em 2007, ambas na Zona da Mata; e Itabirito, na Região Central, em 2014. Os acidentes causaram não só a degradação ambiental nas áreas, como deixaram mortos, feridos, centenas de famílias desabrigadas e muita dor e sofrimento nas comunidades.

O relatório ainda apresenta uma classificação de potencial de danos ambientais. Das 754 barragens em Minas, 231 estão na classe III, o que é considerado de alto potencial de dano ambiental, incluindo a do Fundão em Bento Rodrigues, que arrasou ontem o povoado localizado a 23 quilômetros de Mariana. Outras 296 se enquadram na classe II, que indica potencial médio de dano ambiental e 227 na classe I, considerado de baixo potencial.

Testemunha do acidente que destruiu o vilarejo de Bento Rodrigues, Andrew Oliveira Gomes, disse que tremores foram sentidos horas antes da tragédia. Os abalos aconteceram na hora do almoço, mas todos funcionários continuaram a trabalhar normalmente. Por volta das 16h30, os tremores se intensificaram. “Quando olhei para baixo, o chão estava todo rachado”, contou ele, narrando como fez para escapar. Assista:

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Ferro e Metais Básicos de Mariana (Metabase), Valério Vieira O secretário de Defesa Social de Mariana, Brás Azevedo, disse que a situação no local é muito grave e há riscos de mais desmoronamentos. A orientação para os moradores que deixam Bento Rodigues é que sigam para o distrito de Camargos, que é mais alto e mais seguro.

A tragédia na cidade de Mariana foi destaque na mídia internacional. Os jornais New York Times, dos Estados Unidos, e The Guardian, da Inglaterra, exibem vídeos e fotos do deslizamento e dão destaque ao acidente ocorrido na cidade mais antiga do Estado.

 

Paulo Sérgio/Paracatunews

Com Informações EM

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