Economia Negócios
Fios e cabos elétricos devem obrigatoriamente passar por ensaios de qualidade
De acordo com a COBRECOM, fabricante de condutores elétricos de baixa tensão, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) determina diversos ...
23/04/2024 21h55
Por: Da Redação Fonte: Agência Dino

Fiscalização realizada pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) realizada recentemente detectou irregularidades em 14 marcas de condutores elétricos comercializados no Brasil. De acordo com o Instituto, que estabelece programas de avaliação da conformidade de diversos produtos, foram coletadas amostras de fios, cabos e cordões em cinco estados do país e as empresas foram autuadas e multadas.

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De acordo com levantamento da Qualifio (Associação Brasileira pela Qualidade dos Fios e Cabos Elétricos), pelo menos 70% das 460 marcas de condutores elétricos existentes no país estão irregulares. Somente entre janeiro e outubro do ano passado, a entidade realizou 855 testes em fios e cabos elétricos do mercado nacional e foram constatadas irregularidades em 66% das marcas.

“Pelo fato de os condutores elétricos não ficarem visíveis (estão dentro das paredes, canaletas, eletrodutos etc.), muitas pessoas acabam não dando a devida importância na hora da compra. Por isso, economizar é proibido na hora de adquirir os fios e cabos elétricos, pois ao obter produtos de qualidade duvidosa será comprometido o funcionamento e a segurança da instalação elétrica, e aparecerão problemas como o aumento no consumo de energia elétrica, além de curtos-circuitos e até mesmo incêndios”, ressalta o professor e engenheiro eletricista Hilton Moreno, que também é consultor técnico da COBRECOM. 

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O professor alerta que antes de comprar o material é fundamental pesquisar sobre a sua procedência, se o fabricante é associado da Qualifio e também se realiza todos os ensaios técnicos exigidos pelas normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e também do Inmetro.

Segundo Rosevaldo Toaliari, supervisor de desenvolvimento de produtos e processos da COBRECOM, as especificações dos ensaios estão nas normas ABNT para cada tipo de cabo e o Inmetro, através de seus órgãos credenciados, testa amostras semestralmente verificando se os cabos atendem aos valores especificados na norma.

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“Por se tratar de produtos com certificação compulsória, caso atendam os requisitos da norma, o Inmetro certifica o produto e o mesmo pode ser comercializado pelas empresas”, completa Toaliari.

Principais ensaios técnicos

Entre os ensaios essenciais realizados em todas as linhas de fios e cabos elétricos estão os dimensionais, elétricos, químicos e os mecânicos, sendo que todos devem ser realizados pelo fabricante.

“Os ensaios dimensionais verificam o diâmetro do condutor, o diâmetro sobre a isolação e sobre a cobertura e a espessura da isolação e cobertura, entre outros; os ensaios elétricos checam a tensão suportável pela isolação, a resistência e a resistividade elétrica do material condutor, além da resistência de isolamento. Os ensaios químicos incluem a queima vertical, a verificação da reticulação da isolação e o envelhecimento do condutor; e os ensaios mecânicos avaliam o alongamento do condutor e a resistência à tração, o alongamento da isolação e a dureza dos compostos isolantes”, esclarece Rosevaldo Toaliari.

O profissional ainda ressalta que os testes são realizados por amostragem em 100% dos lotes, na qual é separado uma amostra por lote.

“Isto para garantir que a isolação do cabo esteja de acordo com a norma e que o condutor suporte a passagem da corrente elétrica especificada para a seção utilizada sem que haja fuga e curto-circuito nos cabos quando em funcionamento”, completa Toaliari.

De acordo com Hilton Moreno, outros ensaios também devem ser realizados pelos fabricantes de fios e cabos elétricos, tais como: de deformação a quente do material isolante; elasticidade a baixas temperaturas; choque térmico; e não propagação de chama.

Os ensaios são classificados em: sobre amostras ou especial (E); de tipo (T); e de rotina (R).

Principais tipos de ensaios

Deformação a quente do material isolante: verifica se o material isolante suporta adequadamente altas temperaturas a que o cabo poderá estar sujeito durante seu funcionamento, evitando assim deformações no material que poderiam levar à ruptura da isolação.

Elasticidade a baixas temperaturas: averigua se o material isolante suporta adequadamente baixas temperaturas a que o cabo poderá estar sujeito durante seu funcionamento, evitando assim trincas e rachaduras no material que poderiam levar à perda da isolação.

Choque térmico: checa se o material isolante suporta adequadamente o ciclo de aquecimento e resfriamento a que o cabo estará sujeito durante seu funcionamento, evitando assim danos no material que poderiam levar à ruptura da isolação.

Não propagação de chama: analisa qual é o grau de propagação de chama que o cabo apresenta quando submetido a uma condição simulada de incêndio. Dependendo do resultado, o cabo pode ser classificado desde como “propagante de chama” até “não propagante de chama”.

Ensaio sobre amostras ou especial (E): é realizado sobre corpos de prova de um cabo completo ou sobre componentes retirados de um cabo completo, com uma frequência definida pelo próprio fabricante, que tem por objetivo verificar se o produto pronto atende aos requisitos especificados para ele.

Ensaio de tipo (T): é feito antes do início da fabricação regular de um determinado tipo de cabo, com a finalidade de demostrar o satisfatório projeto do produto para atender aos requisitos especificados para ele.

Ensaio de rotina (R): é realizado sobre todas as unidades de expedição com a finalidade de comprovar a integridade do cabo.

Cabos irregulares devem ser evitados

Esses materiais nunca devem ser adquiridos, pois não estão de acordo com as normas técnicas da ABNT e/ou não possuem a certificação obrigatória do Inmetro. Além disso, esse tipo de material compromete a instalação elétrica, pois em sua fabricação são usados produtos de baixa qualidade e com dimensões insuficientes.

“Esses condutores elétricos são ‘desbitolados’, pois possuem menor quantidade de cobre que o exigido pelas normas técnicas. Além disso, o cobre utilizado muitas vezes não tem a pureza mínima exigida para fins elétricos, que é de 99,99%”, aponta Hilton Moreno.

Além disso, por ser subdimensionado, o produto conduz menos energia e pode resultar no aquecimento indevido dos condutores (sobrecarga) e também o consequente aumento na conta de luz, e também em curtos-circuitos e incêndios.