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Exames feitos em parte da população de Paracatu mostram altos índices de arsênio no corpo

Matérias feitas pelo jornal Correio Braziliense, deixa a população de Paracatu com medo de uma possível contaminação em massa por arsênio na cidade.

Paulo Sérgio
Por: Paulo Sérgio Fonte: Mariana Laboisièrre/CB/D.A Press
01/06/2015 às 02h20
Exames feitos em parte da população de Paracatu mostram altos índices de arsênio no corpo

Rafaela Xavier, sob proteção federal, deixou o município "por saber demais"

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Novos casos de pessoas com altos índices de arsênio no corpo começam a aparecer em Paracatu, município mineiro a 200km de Brasília. Desta vez, duas pessoas de uma mesma família apresentaram níveis da substância, que é extremamente tóxica, próximos a 30µg/g de creatinina, quando o valor de referência adotado pelo Ministério da Saúde é de 10µg/g. As duas pessoas, uma delas adolescente, moram próximo a duas barragens de rejeito da mineradora Kinross Gold Corporation, a maior extratora de ouro a céu aberto do país, distante 250m do centro urbano. A companhia é responsabilizada pelos moradores e pesquisadores por suposta contaminação em massa, que teria relação com o aumento do número de casos de câncer. Com medo de represálias, os donos dos exames preferem manter a identidade em sigilo.

Estudo epidemiológico do Centro Tecnológico Mineral (Cetem), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, feito entre 2011 e 2013, atesta que os níveis de arsênio nos recursos naturais (água e sedimentos) é baixo. Mas há quem duvide da credibilidade do laudo. Além dos ativistas da cidade e dos acadêmicos ligados a Paracatu, a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Rosângela Azevedo Corrêa afirma não confiar na pesquisa. O fato de o Cetem ter prestado consultoria para a mineradora, reforça o descrédito na conclusão do trabalho.

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Depois de acompanhar por seis anos a situação de Paracatu e de ser chamada para dar dois seminários na cidade sobre questões ambientais, Rosângela Corrêa afirma ter entrado em contato com a equipe responsável pelo relatório para somar forças nas investigações sobre os problemas na cidade, mas não obteve resposta em nenhuma das tentativas. Ela alerta para a necessidade de se desenvolver nova avaliação epidemiológica na região.

Sem fundamento

“Consta que participaram 70 pesquisadores, técnicos e estudantes, incluindo agentes de saúde, enfermeiras e pessoal de apoio local, mas, em realidade, somente 27 profissionais têm graduação e pós-graduação, tendo apenas um médico pneumologista, especialista em saúde coletiva. Então, nos perguntamos: onde estão os médicos especialistas em dermatologia, neurologia, cardiologia, patologia, químico clínico, hematologia, endocrinologia, oncologia?”, questionou Rosângela. “O estudo não é confiável, uma vez que precisaria ter muito mais pessoas competentes e de diferentes áreas de pesquisa numa perspectiva multidisciplinar. As informações apresentadas não têm a fundamentação científica necessária para permitir conclusões fidedignas”, completou.

 

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Fonte: Correio Braziliense

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