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Jovens e movimentos sociais se unem contra a redução da maioridade penal

Em Brasília, opositores do projeto em discussão no Congresso Nacional fizeram evento que teve presença do ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Pepe Vargas

Paulo Sérgio
Por: Paulo Sérgio Fonte: PORTAL BRASIL
05/05/2015 às 22h41
Jovens e movimentos sociais se unem contra a redução da maioridade penal

Jovens e representantes de movimentos sociais reuniram-se nesta terça-feira (5), em Brasília, para pedir que o Congresso Nacional derrube o projeto de redução da maioridade penal. O evento teve a presença do ministro-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Pepe Vargas. Em discurso, ele lembrou os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a serem completados em julho, pediu a mobilização de todos “contra o retrocesso”.

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“Gostaria de parabenizá-los pela iniciativa”, elogiou Vargas. “Vamos à luta. Somos companheiros de mesmo sonho e temos a mesma posição sobre o tema.”

Na avaliação do ministro, o movimento pela derrubada da PEC 171 (projeto que pretende diminuir a maioridade penal para 16 anos) precisa “ir além, com o mesmo espírito apresentado pelos brasileiros no final da década de 1980”, quando foi promulgada a Constituição de 1988. Vargas fez referência à “indivisibilidade” dos Direitos Humanos, conceito amplamente presente na legislação do Brasil.

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Vargas disse ainda que os defensores da manutenção da maioridade penal não podem constituir um “movimento defensivo” e ressaltou ser necessário o avanço no debate. “Precisamos discutir a matéria em cada canto do país. Se fizermos isso, poderemos impedir o retrocesso”, explicou.

 Além de exaltar os 25 anos do ECA, o ministro propôs uma reflexão a respeito do estatuto. “Neste ano, deveríamos estar comemorando a data. Se formos analisar o período, encontraremos avanços importantes, nos mais diversos indicadores”, declarou. “Precisamos refletir sobre o que falta para que o ECA seja aplicado integralmente.”

 Indagado sobre a importância do documento referendado por ele e por oito ex-ministros dos Direitos Humanos, Vargas ressaltou a importância da proposta suprapartidária. “Essa é uma frente que quer um debate desmistificador e o fim da violência contra a criança e o adolescente”, ressaltou. 

 Pauta conservadora

 “A maior vítima é a juventude”, disse Bárbara Melo, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Abes). Segundo ela, a redução da maioridade penal deveria ser substituída por políticas públicas que proporcionem oportunidades aos jovens. “A evasão nas escolas ainda é alta. Nós precisamos tornar o ensino atraente.”

 Daniel Souza, vice-presidente do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), é categórico sobre a proposta que está no Congresso. “Esse projeto demonstra uma pauta conservadora no nosso país, que viola direitos de crianças e adolescentes”, criticou. “Nós, do Conjuve, nos colocamos contra a redução da maioridade penal.”

De porte de um cartaz com a frase “Reduzir a idade penal não reduz a violência”, Núbia Lopes, conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conandas), também defendeu a implantação plena do estatuto. “Cumpra-se o ECA e não a redução da maioridade penal”, afirmou. 

No fim do dia, um ato simbólico chamou a atenção dos presentes ao evento: um pipaço pediu a preservação dos direitos dos jovens brasileiros.

Riscos

Na semana passada, a presidenta Dilma Rousseff explicitou a posição contrária do governo em relação ao projeto de redução da maioridade penal. “Nós defendemos que a pena seja agravada para o adulto que utilizar o jovem como escudo dentro de uma organização criminosa. Não é punir o jovem, mas agravar a pena daquele adulto que usou o jovem para a sua ação”, afirmou, durante evento com a juventude rural. 

Especialistas apontam riscos de uma mudança da lei que coloque adolescentes em prisões. O Brasil tem hoje 20 mil jovens cumprindo medidas socioeducativas em meio fechado. Outros 69 mil condenados por crimes estão em meio aberto. A redução da maioridade ampliaria a população carcerária de 535 mil pessoas presas, o que colocaria o País no quarto lugar do ranking mundial.

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