Aconteceu na tarde desta quinta-feira (29), na câmara municipal de Paracatu uma audiência pública, para esclarecer sobre uma possível contaminação em massa da população Paracatuense por Arsênio.
O pesquisador Luiz Roberto Guimarães Guilherme, do departamento de ciência do solo da Universidade Federal de Lavras, foi convidado pelos vereadores para participar da audiência pública, e esclarecer sobre as matérias que circularam em mídia nacional, taxando Paracatu como uma cidade de altos índices de câncer.
A visita do pesquisador no município foi possível, após a vereadora Marli Ribeiro, apresentar um requerimento junto à comissão técnica permanente de administração, serviços públicos e cidadania da câmara municipal, solicitando a presença do pesquisador.
O professor Luiz Roberto que é coordenador de estudos sobre biodisponibilidade de arsênio em solos e sedimentos coletados em área de mineração de ouro de propriedade da Kinross, em Paracatu, falou da surpresa e indignação sobre uma reportagem publicada sob o titulo Alerta no Ar Paracatu, paginas 19 e 20, na secção cidades do correio Brasiliense no dia 14 março de 2015 e replicada também pelo jornal Estado de Minas na mesma data. Segundo o pesquisador, os jornais não entraram em contato em nenhum momento com a assessoria da universidade para falar sobre ao assunto e, ainda divulgou informações distorcidas e erradas a respeito dos estudos realizados pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), instituição da qual ele é professor há 24 anos, e trabalha na área de química do solo e toxicologia Ambiental.
Durante a audiência, o pesquisador passou vários slides ilustrativos, onde explicava sobre o arsênio e seus possíveis perigos, e apresentava números, para que a população pudesse ter uma ideia, do que estava sendo falado. O professor ainda deu exemplos das crianças que são frágeis a doenças, segundo ele, as crianças teria uma exposição bem maior à contaminação do que os adultos, por ter o simples habito, de levar a mão na boca, avaliando-se para isto a fração do arsênio bioacessível em solos localizados na área de influência da Mina operada pela Kinross.
Segundo Luiz Roberto, os resultados da análise de arsênio bioacessivel nos solos estudados foram utilizados em modelo de avaliação de risco a saúde, que compara a quantidade de arsênio passível de ser absorvido por crianças com uma quantidade considerada segura, ou seja, com a dose limiar acima daquele efeitos tóxicos que podem ocorrer.
De acordo com o pesquisador, os resultados seguiram padrões internacionais de análise, com uso de amostras certificadas e os mais rigorosos protocolos de controle de qualidade laboratorial. A comparação das ingestões diárias estimadas de arsênio através de uma ingestão involuntária, de solos e sedimentos da área da mina com aquela considerada segura, revelou que a exceção de uma amostra de rejeitos da barragem, em todos os demais casos, a quantidade de arsênio hipoteticamente ingerida representava menos de 10% daquela considerada preocupante do ponto de vista de risco a saúde. Assim, com base no exposto fica demonstrada a inexistência de risco á saúde de crianças, derivada da ingestão dos solos e sedimentos no estudados que conduzimos, com o material coletado na área da mineradora Kinross.
De acordo com o pesquisador, não há evidência de elemento de arsênio, considerado perigoso á saúde humana, e que os níveis são aceitáveis, desde que a mineradora continue com as medidas preventivas de exposição. Segundo o pesquisador, os estudos foram feitos sobre a poeira, e que os estudos afirma que os níveis de arsênio na poeira, estão dentro dos padrões normais.
O resultado divulgado pelo pesquisador Luiz Roberto, não agradou alguns vereadores e principalmente a população presente, que aguardava um resultado talvez mais claro e conclusivo. A audiência que iniciou tranquila teve os ânimos exaltados quando o Vereador Osvaldinho da capoeira pediu ao Pesquisador que fosse mais claro em suas explicações, segundo o vereador, o pesquisador estava muito técnico e difícil de ser entendido, sendo advertido pelo presidente câmara João Archanjo.
Já o vereador João Macedo, entrou em defesa do médico e cientista Sérgio Dani e do geólogo e mestre em Planejamento e Gestão Ambiental, Márcio José dos Santos, que também realizaram estudos na cidade e relatam que a população estaria sim, exposta a alta quantidade de arsênio. Segundo o vereador, ele estava se sentindo frustrado, pois não conseguiu sanar suas dúvidas e que sairia da audiência da mesma forma que entrou, e que a audiência não iria dar em nada, igual as outras audiências sobre contaminação da mineradora. De acordo com o vereador, os pesquisadores Sérgio Dani e Márcio, têm experiências e devem ser respeitados.
A população compareceu á câmara em numero muito pequeno de pessoas, que tiveram a oportunidade de falar, quase que no final da reunião. A população por sua vez, cobrou mais fiscalizações e que fossem feitas pesquisas com a água de Paracatu, que teria suspeita de estar sendo contaminada por arsênio.
Paulo Sérgio/ParacatuNews