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Turma de medicina entra na Justiça após calote em formatura, em Paracatu

Alunos tiveram prejuízo de cerca de R$ 560 mil de empresa contratada. Empresa diz que não sabia do processo judicial e que houve uma fatalidade.

Paulo Sérgio
Por: Paulo Sérgio Fonte: Foto: Florence Dias/Arquivo Pessoal
01/02/2015 às 19h27
Turma de medicina entra na Justiça após calote em formatura, em Paracatu

Depois que um grupo de formandos em medicina de Paracatu, no Noroeste do estado, viveu um pesadelo ao descobrir que a empresa responsável pelo evento tinha dado um calote na festa e não havia repassado o dinheiro a todos os fornecedores, eles decidiram levar o caso para a Justiça. Segundo os alunos, o prejuízo foi de aproximadamente R$ 560 mil. Sem saída, a escolha dos pais e alunos foi se juntar e fazer um rateio para realizar a festa. Dos 105 formandos, cerca de 72 pagaram uma média de R$ 6.700 para completar o que faltava e ter o evento.

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Dois meses após o baile, que custou cerca de R$ 1,6 milhões, a turma entrou com uma ação judicial contra a empresa Ana Lúcia Eventos, de Brasília, para ressarci o dinheiro. Ao G1 ela disse que não sabe do processo judicial e que o problema decorreu devido a uma fatalidade.

Formatura Paracatu Medicina (Foto: Vinícius Guimarães/Arquivo Pessoal)Alunos tiveram que fazer rateio para realizar evento (Foto: Vinícius Guimarães/Arquivo Pessoal)

Priscila Leite, uma das formadas que tomou frente da situação, contou que a festa aconteceu, porém não foi como o planejado. Segundo ela, parte do que estava contratado com a empresa foi cumprido de forma precária e o restante foi bancado pelos alunos, que mesmo já tendo pago todo o evento, desembolsou mais dinheiro para realizar a festa.

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A advogada que está cuidando do caso, Márcia Pereira Cabral de Souza, informou que as comemorações foram apenas 20% do que tinha sido contratado. Agora, o objetivo é ressarcir pelo menos o que foi desembolsado pelos formandos. “A coisa que é mais relevante é reembolsar o que tivemos que gastar de última hora, independente do que foi fornecido ou não”, explicou a médica.

Priscila disse que conseguiu, junto com a turma, que a proprietária da empresa assinasse uma nota promissória no valor do prejuízo. Porém, ela contou ao G1 que a empresária omitiu coisas que não estavam pagas, como por exemplo, uma das bandas. "Tem muita coisa irregular nessa história. Depois de uma reunião com a responsável, ela disse o que faltava pagar e nós descobrimos que muita coisa ainda não tinha sido paga. Além disso, teve a tenda que pagamos inicialmente R$ 400 mil para o aluguel e tivemos condições de colocar apenas uma de R$ 250 mil. Ela ficou com todo esse dinheiro”, comentou.

 

Priscila citou também a situação das bebidas, na qual segundo ela o combinado eram whiskies e vodcas com uma qualidade melhor do que foi oferecido. “Pagamos R$ 15 mil em bombons e acabaram na entrada. Pagamos por chinelos e não tivemos. A festa ficou bonita, mas não foi o que a gente tinha pago. Depois, ficamos sabendo que a empresa teve um prejuízo em uma festa em Brasília e tinha falido um mês antes do evento. A responsável não teve hombridade, porque teve gente que chegou a pagar a formatura 30 dias antes da festa”, disse.

Em relação à Comissão de Formatura, Priscila disse que muitos membros ajudaram. “A comissão me liga o tempo todo e eu não acredito que eles pegaram o dinheiro. A festa da nossa comissão também acabou, eles não tiveram comemoração. Teve quem continuou na briga, mesmo com a humilhação dos pais, e teve quem preferiu não se envolver mais. No final, eles foram obrigados a pagar tudo que tinha de bônus, inclusive os convites. Acredito que tenha faltado fiscalização por parte deles”, disse.

Formatura Paracatu Medicina (Foto: Vinícius Guimarães/Arquivo Pessoal)Tenda era diferente do que tinha sido contratado
(Foto: Vinícius Guimarães/Arquivo Pessoal)

Foram repassados cerca R$ 1,6 milhões para a empresa e Priscila acha que teve superfaturamento. “Nós pagamos praticamente três vezes a mesma coisa e não tinha o que a gente pagou. Pagamos por uma ‘superadega’. Era muito dinheiro pra uma coisa só e a única coisa de super que nessa festa foi o super faturamento”, disse.

A advogada responsável pelo caso, mãe de uma formada, Márcia Pereira Cabral de Souza, disse que a turma entrou com uma ação de ressarcimento de valores. “Na época a responsável pela festa assinou uma nota promissória. Nós demos um prazo pra ela pagar, até o dia 10 de janeiro. Ela não pagou e nem se manifestou. Propusemos uma ação de execução judicial para ressarcir os R$ 560 mil”, explicou.

De acordo com ela, os alunos devem pleitear também uma ação por danos morais e materiais. “A festa contratada foi cerca de 20% de que eles esperavam. Cada aluno pagou cerca de R$ 30 mil. Ela brincou com o sonho de todo mundo. A ação já está judicialmente ajuizada e o próximo passo será citá-la para que ela pague ou responda o processo”, comentou.

Empresa justifica festa
A reportagem entrou em contato com a responsável pela empresa Ana Lúcia Eventos que informou que não sabia do processo judicial. De acordo com a proprietária, ela chegou a colocar a casa a venda para realizar o evento. “Quando foi novembro, tentei vender minha casa e não consegui eu fiquei com receio de não consegui entregar. Mas até o último momento eu tentei. Tenho 21 anos de mercado e nunca tive problema algum. Isso aconteceu em decorrência de uma fatalidade e eu fiquei assustada”, afirmou.

Formatura medicina Paracatu (Foto: Florence Dias/Arquivo Pessoal)Alunos se desesperaram com situação
(Foto: Florence Dias/Arquivo Pessoal)

A empresária chegou a ir até Paracatu na semana das comemorações para ajudar a turma. “Preferi ir a Paracatu e dar a cara a tapa, explicar e tentar fazer o evento acontecer. Eu tentei ir fazer o melhor que eu podia e o que sei fazer. Eu fui e entreguei a festa. Aconteceram os eventos e em cima do que eu prometi, estou cumprindo. Eu tenho que vender minha casa pra poder ressarcir e é isso que estou fazendo”, comentou.

A responsável preferiu não comentar sobre as fatalidades citadas por ela acima. “Aconteceram várias coisas ao longo de 2013 e 2014 que chegou a isso”, disso.

Rateio
Durante a reunião para fazer o rateio da festa, alguns alunos decidiram não pagar, outros desistiram de participar das comemorações. “Não foram todas as pessoas que aceitaram participar dessa ‘vaquinha’. Quem continuou a participar do evento contribuiu com R$ 6.700. Teve formando que preferiu não contribuir e participou como todos. A minha relação com todos os pais que não aceitaram pagar foi amistosa. A gente entregou os recibos pra cada formando que fez a contribuição para que no final a gente pudesse devolver. O processo também teve um custo”, explicou a médica.

Professores e membros da faculdade se mobilizaram e ajudaram. Os formandos utilizaram o estacionamento para arrecadar dinheiro. “Nós agradecemos a contribuição dos professores e da faculdade. Com o estacionamento nós arrecadamos dinheiro e graças a Deus, nenhum carro foi roubado. Também fizemos uma caixinha para ajudar”, contou.

Formatura Paracatu Medicina (Foto: Vinícius Guimarães/Arquivo Pessoal)Evento foi 20% do contratado, disse advogada (Foto: Vinícius Guimarães/Arquivo Pessoal)
 
DO G1
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