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Pesquisa incentiva cadeia produtiva do óleo de abacate em Minas Gerais

Projeto desenvolvido por pesquisadores da Epamig desenvolve técnicas que permitem a produção com maior rendimento e qualidade

22/12/2023 às 09h25
Por: Da Redação Fonte: Secom Minas Gerais
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Luiz Fernando da Silva / Epamig
Luiz Fernando da Silva / Epamig

Maria da Fé, a cidade mais fria de Minas Gerais, está localizada na região Sul do estado. As folhas da oliveira, presentes na bandeira da cidade, demonstram a presença forte e representativa da produção do azeite de oliva na região. A cadeia produtiva já consolidada tem dividido espaço com a intrigante e promissora produção do óleo de abacate.

Um projeto de pesquisa desenvolvido por pesquisadores do Campo Experimental de Maria da Fé (Cemf) da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) desenvolve técnicas de manejo agroindustrial, colheita, pós-colheita e processamento, que permitem a produção de óleo de abacate com maior rendimento e qualidade.
 

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Luiz Fernando da Silva / Epamig
Luiz Fernando da Silva / Epamig

Nomeado “Processos inovadores nas agroindústrias de azeite de oliva e abacate”, o projeto conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) por meio da Chamada 040/2021 - Apoio a Projetos em Ciência, Tecnologia e Inovação, no Âmbito das Políticas Públicas do Estado de Minas Gerais.

O coordenador do projeto, Luiz Fernando de Oliveira da Silva, explica que, por volta de 2010, a Epamig montou uma agroindústria (ambiente físico utilizado para transformar a matéria-prima) com equipamento importado da Itália, que apoiaria os produtores de azeitonas da região na produção do azeite de oliva.

Contudo, a colheita das azeitonas acontece na região Sudeste do país a partir do final de janeiro e se estende até meados de abril, a depender da altitude da localidade, o que deixa o maquinário ocioso por um longo período.

“Daí nasceu a pergunta, já que ao longo dos anos muitas outras agroindústrias foram instaladas na região: o que fazer com essas agroindústrias montadas com um investimento financeiro muito alto e ficam nove meses em ociosidade?”, conta.

Segundo Silva, estudos desenvolvidos no Chile e em algumas outras localidades já haviam observado a possibilidade de extrair o óleo do abacate com este mesmo maquinário.

A descoberta seria especialmente benéfica a produtores de abacate em Minas Gerais e região que, estando próximos a alguma agroindústria que processe o azeite de oliva, podem extrair o óleo de abacate.

O coordenador explica que, em períodos de grande oferta, o preço do abacate tende a diminuir. Por ser um produto perecível, extrair o óleo significa agregar valor em um produto que pode ser exposto por mais tempo nas prateleiras dos supermercados.

Adicionado a isto está o fato de que o período de colheita do abacate acontece no intervalo entre as colheitas das azeitonas, no segundo semestre, permitindo a associação dos dois produtos.

A principal cultivar utilizada (Hass), o famoso avocado, é produzida visando, principalmente, o mercado de exportação. Sua colheita é feita manualmente e a escolha dos frutos segue altos padrões de qualidade. Aqueles frutos que não seguem estes padrões são aproveitados na produção do óleo, rico em ácido oleico, fitoquímicos e ácidos graxos semelhantes ao azeite de oliva.

Além da aplicabilidade culinária, o óleo de abacate pode ser utilizado em cosméticos como máscaras faciais, shampoo, emolientes e manteiga capilar. Por ser rico em ômega seis e ômega nove, pode ser vendido em cápsulas pela indústria farmacêutica.

O projeto pretende atender a três perfis de produtores: aqueles que produzem azeite de oliva e possuem seu próprio maquinário e desejam aproveitá-lo para também processar o abacate; os que querem começar a investir na atividade; e os que produzem abacate e, pela sua alta demanda, desejam extrair o óleo e agregar valor ao produto final.

Este é o caso do engenheiro agrônomo e pesquisador, José Carlos Gonçalves, que há 35 anos decidiu consorciar a plantação de café e abacate. Ele observou que muitos dos frutos produzidos não eram aproveitados por não acompanharem os padrões de qualidade de mercado cada vez mais exigente.

Interessado em produzir o óleo de abacate, buscou a tecnologia com empresas estrangeiras, mas seu custo ainda era muito alto. Foi neste momento que José procurou o Campo Experimental de Maria da Fé e extraiu pela primeira vez o óleo de abacate.
 

Luiz Fernando da Silva / Epamig
Luiz Fernando da Silva / Epamig

O apoio inicial alavancou a produção da Flor de Abacate, empresa fundada por Gonçalves, que continuou investindo em pesquisas e consultorias para desenvolver uma tecnologia totalmente nacional.

Atualmente, a empresa produz diferentes produtos oriundos do óleo de abacate, como diferentes maioneses, sabonetes, além de pesquisas que resultaram no depósito de uma patente de um larvicida que combate focos de Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, produzido a partir do caroço do abacate.

Desafios

Luiz Fernando Silva explica que existem alguns desafios para a consolidação da cadeia produtiva do óleo de abacate. Uma delas está na ausência de legislação específica capaz de caracterizar o produto e definir a nomenclatura mais adequada.

“Atualmente, a legislação nomeia azeite apenas o azeite de oliva e o azeite de dendê. O óleo de abacate tem uma composição química muito semelhante ao azeite extravirgem, tem todas as características que podem permitir que ele possa ser chamado de azeite, mas isso quem determina é o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa)”, explica.

Outro desafio é colocar o produto no mercado. “As pessoas ainda ficam surpresas que é um produto que pode ser consumido, que tem potencial nutracêutico”, conta. “Ele tem um sabor sensorial diferente. A partir do momento que proporcionamos as pessoas esse contato, o produto tem uma aceitação muito grande", comenta Silva.

O coordenador explica que será preciso criar ações promocionais para colocar o produto cada vez mais em contato com as pessoas, já que ainda é muito associado as suas aplicações cosméticas.

Perspectivas

O coordenador do projeto adianta que a pesquisa pretende expandir a possibilidade de extração do óleo para outras cultivares além da Hass. Será que o sabor é igual das outras cultivares? Qual produto tem o maior tempo de prateleira? Quanto tempo o produtor pode guardar o produto sem perder as características? Qual o rendimento lipídico? Segundo Silva são perguntas que guiarão os próximos passos da pesquisa, que buscará maior capilaridade para atender novos produtores e colocar novos produtos no mercado.

Silva antecipa que a agroindústria de Maria da Fé foi reformada e está adaptada para a extração do óleo de abacate e deve ser inaugurada no início de fevereiro do ano que vem. Segundo o pesquisador, o objetivo é progredir e “dar uma resposta mais assertiva e correta aos produtores parceiros”.

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