"Tendo em vista os compromissos assumidos por Aécio Neves, declaro meu voto e meu apoio neste segundo turno. Votarei em Aécio e o apoiarei, votando nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando à sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos", disse a ex-senadora, que começou a vida política no PT da presidente e opositora de Aécio Dilma Rousseff.
Após ter aparecido como favorita nas pesquisas eleitorais, Marina terminou a corrida pela Presidência em terceiro lugar, com 21,3% dos votos. Ele teve mais de 22 milhões de votos.
O apoio de Marina veio um dia após Aécio divulgar um documento em que concordou com exigências feitas por ela em troca de seu apoio.
Aécio se comprometeu com a demarcação de terras indígenas, a reforma agrária e o fim da reeleição para cargos do Executivo - parte das propostas já estava em seu programa e apareceu de forma vaga.
Mas o tucano não abandonou seu projeto de reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos para alguns casos, como em crimes hediondos - proposta da qual Marina discordava.
Em 2010, a ex-senadora também tinha terminado a disputa em terceiro mas, na ocasião, não apoiou nenhum candidato no segundo turno.
Leia mais: Cinco razões que explicam queda de Marina Silva
No pronunciamento, a ex-senadora disse que não acredita que o documento divulgado pelo ex-governador mineiro seja dirigido a ela.
"Seria um amesquinhamento dos propósitos manifestados por Aécio imaginar que eles se dirigem a uma pessoa e não aos cidadãos e cidadãs brasileiros."
Ela também destacou que esta era sua posição pessoal e que, com a declaração, não estava fazendo "nenhum acordo ou aliança para governar".
Leia mais: Depois de Marina, Aécio ou Dilma? A visão de dois eleitores em Pernambuco
Com isso, Marina busca fortalecer seu discurso da "nova política" e ressaltar a "aliança programática" que ela afirmava ter com Eduardo Campos - de quem herdou a cabeça de chapa após o ex-governador morrer em um acidente de avião, no dia 13 de agosto - em contraposição às "velhas alianças pragmáticas, desqualificadas, sem o suporte de um programa a partir do qual dialogar com a nação".
A aliança com Campos e a entrada no PSB ocorreram de última hora, após fracassar a tentativa de Marina de criar seu próprio partido, a Rede Sustentabilidade.
"Estamos vivendo nestas eleições uma experiência intensa dos desafios da política. Para mim eles começaram há um ano, quando fiz com Eduardo Campos a aliança que nos trouxe até aqui. Pela primeira vez, a coligação de partidos se dava exclusivamente por meio de um programa, colocando as soluções para o país acima dos interesses específicos de cada um", afirmou.
Ao justificar o voto em Aécio, Marina destacou que, ao final do mandato de Fernando Henrique Cardoso, a população demostrou que queria "alternância de poder, mas não a perda da estabilidade econômica" -o que, disse, "foi inequivocamente acatado pelo então candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva".
Marina, que era do PT à época, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula.
"Agora, novamente, temos um momento em que a alternância de poder fará bem ao Brasil, e o que precisa ser reafirmado é o caminho dos avanços sociais, mas com gestão competente do Estado e com estabilidade econômica, agora abalada com a volta da inflação e a insegurança trazida pelo desmantelamento de importantes instituições públicas", disse.
Ela afirmou que Aécio "retoma o fio da meada virtuoso" no país.