O Projeto Liberta Paracatu completa sete anos. Fundado pelo casal, Gilsomar e Francinete, que já foram moradores de ruas e usuários de drogas, vem a sete anos com  trabalho de recuperação de dependentes químicos e sua ressocialização na sociedade. O Projeto trás aos seus recuperando uma nova chance para reconstruir suas vidas longe das drogas. O projeto sem fins lucrativos, vem a anos travado uma batalha árdua contra as drogas no município, mesmo não sendo fácil, os números tem sido satisfatórios e gloriados, hoje são incontável a mudança nas vidas dos que já passaram pelo Projeto. 

Segundo Gilsomar, muitos viciados que chegam à casa de recuperação, já chegam debilitados, massacrados pelas drogas e seus efeitos. Os primeiros 30 dias é muito difícil para o dependente ficar sem as drogas, por ser uma fase de adaptação. Alguns dependentes químicos se deixam ser levados pelo vicio e acabam abandonando o tratamento voltando ao uso das drogas. O tratamento tem um período máximo de sete meses, onde o recuperado volta para o seio da família limpo sem drogas. Há casos de recuperandos, que não ficam todo o período do tratamento desistindo antes do período e voltando para o mundo das drogas. 

“Tem um caso triste de um recuperando, que ficou 45 dias no projeto, nos aconselhamos para que ele continuasse o tratamento, mas foi  em vão, ele não ficou, e dentro de alguns dias, ficamos sabendo que ele foi Morto. É muito triste, mas não podemos obrigá-lo a ficar no projeto. Mas temos muitos casos de ex-usuários, que hoje vive outra vida, trabalham, não usam mais drogas e estão libertos.”- Disse Gilsomar.

A equipe Paracatu News, esteve nas instalações do projeto Liberta Paracatu, aonde acompanhamos de perto, os trabalhos realizados pelo projeto. As instalações contam com três hectares de terras, que foram doados pela Prefeitura de Paracatu. O projeto fica a 20 km da cidade, onde conta com um local agradável, com agua, luz, refeitório, dormitórios, campo de futebol, equipamentos de ginastica, e horta. O projeto vive por meio de doações  que recebe para manter o tratamento das pessoas, lembrando que o projeto acolhe dependentes quimicos que querem se tratar de Paracatu, e tabém de outros municípios. 

Conheça testemunhos de vida de alguns dependentes quimicos que estão se recuperando  no Projeto Liberta Paracatu.

Alexandre Ataides.  54 anos.  Há três meses interno.

"Eu tinha tudo, tinha carro bom, minha família inteira é de ourives, família rica de Brasília. Eu era um fabricante de jóias que vendia jóias ate para fora do Brasil. Tenho uma filha chamada Úrsula.  Na minha juventude queria mostrar que era o TAL, melhor que todos,  ai foi onde eu conheci as drogas e o álcool.

Vendi tudo que tinha, larguei a minha mulher e minha filha, e fui atrás das “LOUCURAS”, fui mostrar pro mundo que eu era o bom, quando me davam conselhos, era ai que eu ia e fazia o errado mesmo.  E nessa eu me arrastei há quase trinta anos.

Foram trinta anos sofrendo. Quando o álcool já não me sustentava eu misturava remédios na bebida para ficar doidão. Quando não tinha droga mais pra me sustentar eu inventava droga.

Quando estamos na rua, ninguém se importa com a gente, você sempre acha alguém pra te destruir, na rua você sempre acha alguém para te dar um gole de pinga, mas não há quem te de comida, um banho uma peça de roupa. Sabe o frio que passamos num tem nem explicação. O álcool tira tudo.

Mas teve um dia que eu estava enfrente uma igreja daí o Gilsomar se aproximou de mim e perguntou se eu queria sair dali, eu aceitei só que depois de um tempo voltei para a rua. Mesmo na rua eu sempre soube que aqui era uma porta aberta e há quatro meses eu quis mesmo sair da rua e aqui estou. Agora eu estou buscando Deus  verdadeiramente e buscando viver para Ele.

Eu ainda sei que Deus vai me usar para salvar vidas, eu também creio que eu sou um milagre porque uma pessoa que vivia nas ruas, nas drogas no álcool e já fui ate vitima de uma tentativa de homicídio, estar com 54 anos é um milagre. Mesmo sabendo que hoje minha família acha que estou morto, eu ainda quero encontrar minha filha e dizer que a amo muito."

Alessandro.  27 anos.

"Eu entrei aqui sem esperanças, me sentindo o pior do mundo. Eu perdi meus filhos, só dei tristezas a minha mãe, em 2008 fui alvejado por 11 tiros, perdi um dos meus rins, fui absorvido de quatro homicídios, paguei pena  até na Penitenciaria da Papuda. Eu entrei no mundo do crime com 11 anos, fiquei 16 anos no mundo das drogas onde se eu não estava na “boca de fumo” eu estava preso.

No dia eu que eu cheguei aqui, era o dia em que mais seis comparsa do crime, estávamos nos preparando para ir a Cristalina fazer um assalto ao Exercito, foi quando a minha mãe chegou à esquina da Rua, onde funciona a boca de fumo a qual eu fazia parte e falou que alguém estava no telefone e queria falar comigo. Quando eu atendi era o Gilsomar, me chamando para sair da tristeza do mundo ruim. Foi quando eu aceitei.

Eu voltei pros parceiros e falei “Se vocês quiserem ir, por que eu não vou, to caindo fora.” Eu no mesmo dia vim para cá e já estou á quatro meses aqui, fui ate colocado como obreiro dessa obra. E hoje eu sei oque é felicidade, ter felicidade é está aqui fazer um churrasco com os meninos, sem precisar de álcool, de drogas, isso é ser feliz.

Hoje Deus me mostrou a felicidade."

Marcelo 35 anos

"Tem dois meses que estou aqui no projeto me libertando e recuperando. Cheguei aqui através de minha tia, que mora em João Pinheiro, eu fiquei vinte anos usando todo tipo de drogas. Eu tive dois filhos um rapaz de 16 e uma menina de 12, que mora no DF, que eu nem conheço. Por que a droga me tirou eles e até mesmo minha profissão, eu era mecânico e o vicio era tanto que tive que para de trabalhar por que eu roubava onde eu trabalhava. Eu cheguei ao estado tão grave que em João Pinheiro, cidade que eu morava, eu fiquei 60 dias trancado dentro de casa só usando drogas, quando eu sai de dentro da casa desesperado e fui ate a casa da minha tia e pedi ela socorro que eu já não agüentava mais aquela vida, a droga me fez tão mau que abriu buracos na minha cabeça e minha pele começou a apodrecer. E aqui no projeto eu estou me tratando e me curando de isso tudo.

Quando eu sair daqui recuperado, eu vou atrás da minha mãe e dizer a ela que hoje eu amo ela, hoje eu quero ser o orgulho dela. Por que só ela esteve comigo esse tempo todo, uma mulher que chegou a entrar na frente de uma Pistola 380, para eu não ser morto.  E assim que eu sair eu vou dizer: Mãe Hoje eu te amo."

Walisson Ferreira. 20 anos.

Eu vivi quatro anos nas drogas, conheci o projeto através da Pastora Fatima, eu pedi ela ajuda me apresentou ao Gilsomar, quando eu vim para o projeto, meu irmão veio comigo, porem ele quis voltar, mas graças a Deus ele não esta usando droga.  Eu quando estava no mundo das drogas, perdi meu emprego e para sustentar meu vicio eu comecei a praticar furtos.

Esta fazendo quase um mês que eu estou aqui e eu pretendo terminar o tratamento e sair daqui transformado. E eu tenho inúmeros projetos de vida.  E agora eu vou ser feliz sem drogas, e viver de verdade."

Parabéns Projeto Liberta Paracatu pelos seus 7 anos de solidariedade e amor com o próximo.