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MG descarta recompensa por informação que leve a foragido

Sistema de pagamento é utilizado no Rio de Janeiro há 16 anos e foi criado em São Paulo neste mês

Paulo Sérgio
Por: Paulo Sérgio Fonte: Otempo
25/05/2014 às 10h01
MG descarta recompensa por informação que leve a foragido
Na contramão de outros Estados da região Sudeste, Minas Gerais não adota programas de recompensas por informações que levem à prisão de criminosos foragidos. A medida foi lançada neste mês em São Paulo e já existe há 16 anos no Rio de Janeiro. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) de Minas, por sua vez, informou que não tem previsão de implantar a política mesmo com os índices de violência em alta.

No Rio de Janeiro, já foram pagos mais de R$ 500 mil em 350 recompensas. O gerente de Planejamento e Análise do Disque-Denúncia do Rio – que mantém seu nome em sigilo por questão de segurança – informou que, sempre que um valor é lançado no Portal dos Procurados, há um aumento de até 50% no número de ligações. Ele não apresenta o número total de prisões decorrentes das recompensas, mas diz que são muitas. “O que move o denunciante não é o dinheiro, é a indignação. A recompensa vem justamente para provocar a população a trazer mais informações”.

O Portal dos Procurados do Rio tem, atualmente, 1.100 foragidos cadastrados. Para aparecer no site, não precisa ser condenado pelo crime, basta ter mandado de prisão em aberto. Já a recompensa é oferecida por informações daqueles considerados mais perigosos, e os valores pagos mais comuns são de R$ 1.000 e R$ 2.000. O maior pagamento já oferecido foi de R$ 100 mil pela prisão do traficante Fernandinho Beira-Mar. Como ele foi preso na Colômbia, ninguém recebeu o dinheiro.

Em São Paulo, o Programa Estadual de Recompensa está ativo desde o último dia 6, com a proposta de pagar até R$ 50 mil para o denunciante. Até agora, a maior oferta foi de R$ 5.000 para quem entregar dois autores de latrocínios (roubos seguidos de morte), ocorridos em abril. “É um passo importante na política de segurança pública porque renovamos a colaboração do cidadão com a polícia”, afirmou o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella. Ainda não houve prisões e pagamentos.

Procura-se. Em Minas, a Seds informou que não optou pela recompensa por acreditar que as principais motivações dos denunciantes são a possibilidade de contribuir com uma sociedade mais segura e o fato de se manter anônimo. A pasta ainda destacou o projeto Procura-se, que divulga na internet listas de criminosos foragidos. “Um indício (da eficácia do Procura-se) é que quase 80% dos procurados (23 de 29) foram presos”, afirmou a secretaria.

A Seds alega que priorizou a ampla divulgação do sistema de denúncia. No entanto, desde que o Procura-se foi lançado, em outubro de 2011, apenas três listas com 12 suspeitos cada foram divulgadas. Alguns bandidos ainda se repetiram em mais de uma lista.

O coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em Segurança Pública da PUC Minas, Luis Flávio Sapori, afirma que a estratégia de estampar o rosto dos criminosos em cartazes e na internet foi deixada de lado no Estado. “A Seds mudou de estratégia e o Procura-se perdeu a vitalidade. O importante é que outra iniciativa seja levada adiante em busca de centenas de criminosos contumazes”.

Outro sistema usado em Minas para receber informações sobre criminosos é o Disque-Denúncia (181). Segundo a Seds, no ano passado ocorreram 24.361 prisões, apreensões e recapturas em decorrência de informações repassadas pelo número de telefone.

A cozinheira Cleonice Rodrigues Melgaço, 44, acredita que uma campanha de denúncia poderia ajudar a esclarecer a morte do seu filho, Christiano Rodrigues Melgaço, 20. Ele foi assassinado em maio de 2012, no bairro União, na região Nordeste. “Nada foi feito. Eles devem ter arquivado o caso. Se houvesse uma campanha, eu estaria à frente para divulgar”.

Como funciona

Regras. Em São Paulo e no Rio, os programas de denúncia também se comprometem a garantir o anonimato. Em Minas, o canal para denúncia é o telefone 181. No Rio, há um aplicativo no WhatsApp, que já pagou até R$ 2.000 em recompensa.

Índices de violência continuam a subir

Violência. O índice de crimes violentos, como homicídios, estupros e roubos, continua aumentando em Minas, segundo o último balanço divulgado pela Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds). Somente em março deste ano, houve 9.090 ocorrências de crimes violentos, 22,9% a mais que no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 7.396 casos.

Capital.Na capital, houve 3.182 registros de crimes violentos em março deste ano, contra 2.586 no mesmo mês de 2013.

Presos.  De acordo com a Seds, os 23 criminosos presos até agora por meio de informações do programa Procura-se permanecem detidos nas maiores penitenciárias de Minas. Entre eles está Roni Peixoto, apontado pela polícia como braço direito de Fernandinho Beira-Mar.


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