Já os irmãos e fazendeiros Antério e Noberto Mânica, apontados na denúncia como mandantes do crime, aguardam o julgamento em liberdade. Um dos envolvidos, Francisco Elder Pinheiro, acusado de intermediar as relações entre os pistoleiros e os fazendeiros, morreu em janeiro do ano passado. Rogério Alan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda foram condenados no ano passado a 94, 76 e 56 anos de prisão.
Segundo as investigações, os auditores fiscais foram mortos após serem encontradas irregularidades na contratação de trabalhadores em fazendas da família Mânica em Unaí, no Noroeste de Minas – os proprietários receberiam multa de cerca de R$ 2 milhões. No dia 28 de janeiro de 2004, os auditores caíram em uma emboscada em uma estrada de terra da cidade (relembre o caso no quadro abaixo).
Atualmente, os réus aguardam o julgamento de um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). Em setembro de 2013, o ministro Marco Aurélio Mello decidiu, às vésperas do júri popular dos irmãos, que seria necessário primeiro julgar o pedido. Durante a análise, o magistrado entendeu que o julgamento deveria ser transferido para Unaí em vez de Belo Horizonte. Já a ministra Rosa Weber votou contra. O desempate ficou nas mãos do ministro Dias Toffoli, que pediu vistas do caso, suspendendo o julgamento. Ontem, a assessoria do STF informou que não há um prazo para ele proferir o seu voto.
Para a presidente do Sinait, Rosa Campos Jorge, a lentidão no julgamento afeta o trabalho dos fiscais. “Os auditores sofrem pressões e correm diversos riscos. Há denúncias de servidores que chegam a uma inspeção, e os proprietários dizem: ‘Vocês se lembram de Unaí?’. Uma ameaça velada”, conta. A entidade, porém, não tem um levantamento do número de denúncias de ameaças recebidas pelos auditores.
A reportagem tentou entrar em contato com o advogado dos irmãos Mânica, mas não conseguiu localizá-lo até o fechamento desta edição.
Inspeções. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, foram realizadas no ano passado 38.071 fiscalizações em Minas Gerais, que resultaram na regularização de 49.273 trabalhadores e no afastamento de 663 crianças utilizadas como mão de obra.