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Chacina de unaí faz dez anos sem julgamento de mandantes

Sindicato faz ato público para lembrar morte de auditores do trabalho

Paulo Sérgio
Por: Paulo Sérgio Fonte: Foto:Divulgação/Otempo
27/01/2014 às 23h17
Chacina de unaí faz dez anos sem julgamento de mandantes
No dia em que a Chacina de Unaí completa dez anos, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) faz nesta terça, em Brasília, um ato público para pedir o julgamento dos envolvidos no crime. Dos nove acusados das mortes dos auditores Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva, e do motorista Ailton Pereira de Oliveira, apenas três foram condenados pela Justiça.

Já os irmãos e fazendeiros Antério e Noberto Mânica, apontados na denúncia como mandantes do crime, aguardam o julgamento em liberdade. Um dos envolvidos, Francisco Elder Pinheiro, acusado de intermediar as relações entre os pistoleiros e os fazendeiros, morreu em janeiro do ano passado. Rogério Alan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda foram condenados no ano passado a 94, 76 e 56 anos de prisão.

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Segundo as investigações, os auditores fiscais foram mortos após serem encontradas irregularidades na contratação de trabalhadores em fazendas da família Mânica em Unaí, no Noroeste de Minas – os proprietários receberiam multa de cerca de R$ 2 milhões. No dia 28 de janeiro de 2004, os auditores caíram em uma emboscada em uma estrada de terra da cidade (relembre o caso no quadro abaixo).

Atualmente, os réus aguardam o julgamento de um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). Em setembro de 2013, o ministro Marco Aurélio Mello decidiu, às vésperas do júri popular dos irmãos, que seria necessário primeiro julgar o pedido. Durante a análise, o magistrado entendeu que o julgamento deveria ser transferido para Unaí em vez de Belo Horizonte. Já a ministra Rosa Weber votou contra. O desempate ficou nas mãos do ministro Dias Toffoli, que pediu vistas do caso, suspendendo o julgamento. Ontem, a assessoria do STF informou que não há um prazo para ele proferir o seu voto.

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Para a presidente do Sinait, Rosa Campos Jorge, a lentidão no julgamento afeta o trabalho dos fiscais. “Os auditores sofrem pressões e correm diversos riscos. Há denúncias de servidores que chegam a uma inspeção, e os proprietários dizem: ‘Vocês se lembram de Unaí?’. Uma ameaça velada”, conta. A entidade, porém, não tem um levantamento do número de denúncias de ameaças recebidas pelos auditores.

A reportagem tentou entrar em contato com o advogado dos irmãos Mânica, mas não conseguiu localizá-lo até o fechamento desta edição.

Inspeções. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, foram realizadas no ano passado 38.071 fiscalizações em Minas Gerais, que resultaram na regularização de 49.273 trabalhadores e no afastamento de 663 crianças utilizadas como mão de obra.


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