Quinta, 10 de Julho de 2025
12°C 27°C
Paracatu, MG
Publicidade

Metade das crianças com síndrome do zika não frequenta escola no Rio

Pesquisa da UFRRJ propõe frentes de ação para reverter o quadro

Por: Da Redação Fonte: Agência Brasil
15/02/2023 às 12h35

Mais da metade das crianças da Baixada Fluminense com a síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika não frequenta a escola.

Continua após a publicidade

Uma pesquisa liderada pela professora Márcia Pletsch, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), tenta reverter esse quadro a partir de várias frentes de ação.

Além da avaliação dessas crianças e análise da realidade das famílias, a pesquisa desenvolve ações de acompanhamento da escolarização e desenvolvimento nas escolas, focando também na formação de professores, além de avaliar as ações intersetoriais dos municípios.

Continua após a publicidade

Um dos motivos para que essas crianças em idade escolar estejam fora do ensino formal, segundo Marcia Pletsch, foi a adoção do ensino remoto em 2020, que acabou se estendendo em alguns locais até meados do ano passado.

Mas, de acordo com a pesquisadora, além de outros problemas, como dificuldades econômicas e de locomoção, também há medo e insegurança por parte das famílias.  

"A gente tem esclarecido, e tem dados da pesquisa [de quem matriculou a criança] dos aspectos positivos dessa matrícula. As próprias famílias, as mães das crianças, nos colocaram a importância da entrada de seus filhos na escola, não só para o desenvolvimento dessas crianças, mas também para a melhora da sua condição de saúde, de seu bem estar. E também para as próprias mães, que têm agora um tempo pra si".

Um dos grandes desafios na escolarização das crianças com a síndrome congênita do zika vírus, segundo Marcia Pletsch, é pensar ações e políticas municipais envolvendo educação, saúde, assistência social, além de secretarias, como as de transporte.

"A questão da intersetorialidade está prevista na legislação brasileira, tanto na Lei Brasileira de Inclusão , como também na Política Nacional de Educação Especial em uma Perspectiva Inclusiva , de 2008, e a gente ainda tem uma fragilidade enorme das ações desenvolvidas localmente. De maneira geral, quando elas ocorrem, elas ocorrem focando a assistência e a saúde, e não envolvem a educação. Há a necessidade de articular essas políticas e essas ações intersetoriais junto com a educação."

Ouça na Radioagência Nacional

Foto: Reprodução/Agência Brasil
Foto: Reprodução/Agência Brasil

Clique aqui e acompanhe as últimas notícias da Radioagência Nacional

O projeto já criou um aplicativo com 100 atividades para trabalhar a comunicação e ampliar a interação dessas crianças com os familiares e em sala de aula. Além disso, também gerou formação continuada para mais de 1,4 mil profissionais de educação que atuam em diferentes redes de ensino do Estado.

As iniciativas para a escolarização dessas crianças reúnem 11 municípios, sendo nove da Baixada Fluminense e dois da região Sul do estado.

A pesquisa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.