Os candidatos ainda terão que ser aprovados na segunda etapa do exame para ganhar o direito de atuar livremente no país. Eles devem pagar, até 4 de novembro, uma taxa de R$ 300. O Revalida é aplicado anualmente desde 2011 e tem a participação 37 instituições de educação superior públicas. Este ano, o exame ganhou destaque com o Programa Mais Médicos do governo federal. Até então, todo médico estrangeiro deveria ter o diploma revalidado. Pelo programa, no entanto, eles podem atuar apenas na atenção básica com registro provisório emitido pelo Ministério da Saúde.
Os candidatos que se submeteram ao Revalida fizeram as provas objetiva e discursiva em agosto. Na segunda etapa, eles serão avaliados quanto às habilidades clínicas. Entram na avaliação conteúdos e competências das cinco áreas de exercício profissional: cirurgia; medicina de família e comunidade; pediatria; ginecologia e obstetrícia; e clínica médica.
No fim de setembro, o Inep alterou o calendário do Revalida. O resultado da primeira fase seria divulgado no dia 26 de setembro. A data da aplicação da segunda etapa foi adiada de 19 e 20 de outubro para 30 de novembro e 1º de dezembro. O resultado individual da segunda etapa será divulgado no dia 23 de dezembro.
O exame é conhecido pelo alto grau de dificuldade. No ano passado, o índice de aprovação variou entre 6,41% de aprovação entre estudantes bolivianos (o mais baixo) e 27,27% de aprovação entre os venezuelanos (o mais alto). Os brasileiros com diploma estrangeiro também são obrigados a fazer o exame para trabalhar no país – o índice de aprovação deles no ano passado alcançou 7,5%, inferior ao resultado de 2011 (7,89%).
Repercussão
Após a divulgação do resultado do exame, o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) informou, por meio de nota à imprensa, a preocupação da entidade com relação ao desempenho dos candidatos, já que cobra que profissionais do Mais Médicos também sejam obrigados a fazer o exame.
O presidente da entidade Itagiba de Castro Filho, declarou que o alto índice de reprovação só comprova a necessidade de validação do diploma como forma de aferir a qualidade do médico para atuação no país.
“O resultado é motivo de preocupação para o povo brasileiro e de questionamento se, de fato, a população quer um profissional que não foi devidamente avaliado. Isso é justo com o cidadão brasileiro? Isso deve ser pensado, principalmente por quem está sendo atendido pelos profissionais estrangeiros”, afirmou.
O presidente informou ainda que a prova atesta o conhecimento do profissional sobre o atendimento básico em saúde e não é uma prova sofisticada, focada apenas em especialistas, o que não justificaria o argumento de que o exame é difícil demais, por isso tem alto índice de reprovação.
Para Filho, o Ministério da Saúde deve adotar o exame como seleção para os participantes do Mais Médicos. No entanto, a lei que instituiu o programa só exige a validação a partir do quarto ano de participação no programa.
“O ministro vive falando que só não faz o Revalida no programa porque isso daria direito ao médico de exercer a profissão em qualquer localidade do Brasil. Mas é estranho essa argumentação, porque há tantas proibições no programa que não haveria esse risco. Se o médico descumprir as regras, ele é expulso do programa, tem de devolver a bolsa e perde o visto de permanência no Brasil. A motivação do governo para não incluir o Revalida no programa é por temer o resultado das provas”, concluiu.
Fonte:Otempo