Sábado, 05 de Julho de 2025
13°C 27°C
Paracatu, MG
Publicidade

Em sete dias, goleiro e mais quatro vão a júri

"NA MARCA DO PÊNALTI"

Paulo Sérgio
Por: Paulo Sérgio
12/11/2012 às 08h26
Em sete dias, goleiro e mais quatro vão a júri

 

FONTE: OTEMPO

Depois de dois anos e cinco meses, o desaparecimento e a morte de Eliza Samudio podem, finalmente, ter um desfecho. No próximo dia 19, o destino do goleiro Bruno Fernandes e de outros quatro acusados de participarem do assassinato da jovem será traçado por sete jurados. Durante três semanas, tempo que deve durar o julgamento, a história que terminou em uma das investigações de maior repercussão nacional será repassada por testemunhas e pelos próprios protagonistas desse enredo - ainda cheio de cenas a serem reveladas. Nesta semana, O TEMPO publica uma série especial sobre o caso que atraiu olhares do país e do mundo. 

O sumiço de Eliza foi ocultado durante 14 dias. O plano parecia ter sido perfeito até que, no dia 24 de junho de 2010, a polícia recebeu uma denúncia anônima de que uma mulher havia sido espancada até a morte no sítio do jogador, em Esmeraldas, na região metropolitana da capital. Foi a partir desse momento que o caso começou a ser investigado e ganhou as páginas da imprensa. 

Tanto para a polícia quanto para o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Eliza foi assassinada e o homicídio foi minimamente planejado e calculado por Bruno e o seu braço-direito, Luiz Henrique Romão, o Macarrão. Na versão da acusação, após atraírem a moça para Minas Gerais, em 5 de junho, Macarrão e o primo de Bruno, Jorge Luiz Rosa, então adolescente, levaram Eliza para o sítio. 

Ela e o filho, Bruno Samudio, hoje com 2 anos, permaneceram na casa, em cárcere privado, por cinco dias. Depois, Eliza e a criança foram levadas por Macarrão e Jorge para a residência do ex-policial civil, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano, na Grande BH. 

A ex-namorada do goleiro teria sido morta asfixiada pelo homem apontado como matador profissional. O corpo nunca foi encontrado. As investigações apontam que Macarrão pagou R$ 3.000 para Bola executar o "serviço". Além de Bruno, Bola e Macarrão, que respondem pelo homicídio, a ex-mulher do jogador, Dayanne Souza, e a ex-namorada dele, Fernanda de Castro, também irão a júri. As duas, por sequestro e cárcere privado. 

Depois da denúncia anônima, em pouco tempo, a polícia achou os rastros. O maior deles era Bruninho. O bebê foi encontrado em Contagem, após ter sido cuidado por Dayanne. Para a polícia, a motivação do goleiro foi a insistência de Eliza para que ele assumisse a paternidade do menino. Ele se negava a pagar a pensão e a fazer um exame de DNA. Para a promotoria, Bruninho era "os ovos da galinha de ouro de Eliza", e ela jamais o abandonaria. O jogador e os demais envolvidos negam os crimes.


Buscas. Dezenas de buscas para encontrar o corpo de Eliza foram realizadas. A polícia percorreu 11 locais, muitos deles, mais de uma vez. Cinco cidades da região metropolitana foram vasculhadas - Betim, Contagem, Ribeirão das Neves, Esmeraldas e Vespasiano -, além da capital.

 
PLANO
Crimes no Rio deram início à saga da vítima
 
A morte de Eliza Samudio foi friamente planejada por Bruno no Rio de Janeiro. Para o Ministério Público de Minas Gerais, o destino da jovem começou a ser desenhado em outubro de 2009, quando ela se recusou a fazer um aborto proposto pelo goleiro. O jogador e Macarrão, seu homem de confiança, a obrigaram a tomar abortivos. Eliza registrou um boletim de ocorrência da agressão. 

No dia 4 de junho de 2010, Macarrão e o primo de Bruno, Jorge Luiz Rosa, foram até o hotel em que ela estava hospedada com a promessa de levá-la até o atleta. Para a promotoria, eles atraíram a moça já pensando na execução. 

Eles seguiram para a casa de Bruno, no Recreio dos Bandeirantes, onde encontraram o goleiro e a namorada dele, Fernanda de Castro. Todos passaram a noite no local até o dia seguinte, quando viajaram para Minas. 

Bruno foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão por sequestro, lesão corporal e constrangimento ilegal de Eliza no Rio. Macarrão pegou três anos por sequestro. (TT)
 
 
Sítio de jogador está arrendado por dois sócios de BH
 
O sítio do goleiro Bruno Fernandes, local do cárcere privado de Eliza Samudio e Bruninho, está arrendado por dois sócios de uma agência de veículos de Belo Horizonte. 

O imóvel fica no condomínio Turmalinas, em Esmeraldas, e está bloqueado na 1ª Vara de Família do Rio de Janeiro por causa de uma ação de pensão alimentícia contra Bruno para beneficiar a criança. 

No espaço de 5.000 m², está uma casa de luxo com dois andares, piscina, campo de futebol e uma área de lazer completa. O lugar chegou a ser colocado à venda por R$ 800 mil. Mas o anúncio não recebeu interessados, que teriam ficado receosos em adquirir o lugar onde ocorreu o cárcere. 

Sérgio Rosa Sales, primo do jogador morto em agosto deste ano, afirmou em seu depoimento de novembro de 2010 que, dois dias antes do assassinato de Eliza, Bruno promoveu uma orgia com "mulheres mais ou menos prostitutas", como ele definiu as garotas. Segundo Sérgio, outras festas similares já teriam ocorrido no lugar. (TT)
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.