Da BBC
Para Palin, o Brasil é um exemplo acabado de um país que quer se comunicar e trocar experiências com o mundo. "Poucos países que já visitei impõem barreiras aos viajantes. Mas o Brasil é o exemplo mais absoluto de país que quer se comunicar com o mundo", afirma.
"Venho viajando há quase 25 anos, e por alguma razão nunca tinha ido ao Brasil. Não sei por que, mas o país nunca tinha se encaixado nas minhas séries (que pela primeira vez aborda um único país ao invés de agrupar destinos por temas)", observa.
Segundo ele, o país deixou nele uma sensação de "encanto". "Viajar pelo Brasil me fez perceber por que eu viajo. Adoro o entusiasmo de ver pela primeira vez um local não familiar, um mundo não familiar, falando uma língua não familiar, comendo comidas não familiares. É estimulante, faz a adrenalina correr", diz.
O humorista e apresentador cruzou o país de norte a sul para a série de quatro programas, iniciada com visitas ao Maranhão, a Pernambuco e à Bahia.
O programa foi recebido com críticas variadas pela mídia britânica. Em sua edição desta quinta-feira, o diário The Guardian diz que Palin foi recebido no país como uma celebridade e que as experiências mostradas por ele no programa não devem estar disponíveis aos turistas mortais, estando mais próximas a "uma espiadela a como é ser como o príncipe Charles".
Para o crítico do jornal, o programa, realizado provavelmente após uma extensa e cara pesquisa prévia de produtores no local, mostra "o Brasil com Valium" e apenas mostra pessoas pobres envolvidas em projetos sociais.
"Sei que é demais pedir a Palin que se meta em um tiroteio entre duas gangues de traficantes, mas ainda assim (mostrar) algo menos aconchegante não deveria ter sido tão difícil", observa a crítica, concluindo que o país mostrado parecia mais com o Algarve (região costeira de Portugal popular entre os britânicos). "Não sei se até mesmo os brasileiros reconheceriam isso como o Brasil", termina o texto.
Outra crítica, publicada pelo diário The Daily Telegraph, afirma que a série "vai levar uma nova leva de turistas a seguir para o Rio de Janeiro". "Foi uma introdução altamente agradável a um país que parece capaz de impressionar o visitante desavisado com seu desenfreado gosto pela vida", afirma o jornal.
No primeiro programa da série, que foi ao ar na noite desta quarta-feira na Grã-Bretanha pelo canal BBC 1, Palin mostrou preparativos para uma festa de bumba-meu-boi em São Luís, participou de uma vaquejada no sertão de Pernambuco, arriscou passos desajeitados de capoeira em uma roda em Salvador, experimentou uma moqueca preparada pela chef baiana Dadá e tocou fora do ritmo com o Olodum no Pelourinho.
Ele também visitou um terreiro de candomblé e se consultou com um pai-de-santo, que após ser questionado sobre as possibilidades de a Inglaterra voltar a ganhar uma Copa do Mundo de futebol, jogou os búzios e deu a Palin a má notícia: "Exu diz que não."
Em cada ponto de sua visita, o apresentador contou com a ajuda de algum morador local para servir de guia e contar curiosidades, como o episódio em que o então prefeito de Recife, Roberto Magalhães, entrou armado em uma redação de um jornal do Recife e ameaçou um jornalista que havia publicado uma nota dizendo que a primeira-dama não havia gostado de uma escultura de Francisco Brennand no centro histórico da cidade porque achava que lembrava um falo.
Os programas seguintes ainda mostrarão o apresentador visitando tribos indígenas isoladas da Amazônia, enfrentando as cataratas do Iguaçú e dançando músicas alemãs com descendentes de imigrantes em Santa Catarina.
Palin diz esperar que sua nova série possa mostrar ao público britânico "o calor, a amizade, a exuberância e o vigor do Brasil".