Domingo, 06 de Julho de 2025
13°C 27°C
Paracatu, MG
Publicidade

Presos trabalham em confecção de roupas e peças jeans

Com parceria entre empresa de moda e Presídio de Divinópolis, internos têm atividade remunerada; na unidade também há produção de lençóis e máscaras

Por: Da Redação Fonte: Secom Minas Gerais
05/08/2021 às 15h55
Presos trabalham em confecção de roupas e peças jeans
Tiago Ciccarini / Sejusp

Detentos do Presídio de Divinólis I - Floramar, município também conhecido como polo da moda do Centro-Oeste mineiro, têm a oportunidade de desenvolver habilidades e trabalhar na área por meio de uma parceria do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG)com a empresa Clothify Denim. Atualmente, cinco presos atuam na fábrica de roupas, instalada na unidade prisional há oito meses, e são frequentemente capacitados para a profissão de costureiros.

Continua após a publicidade

No início da parceria, em 2020, apenas dois internos atuavam no local, realizando etapas mais simples do processo como pregar botões e fazer o arremate das peças. Hoje, os internos beneficiados pela oportunidade já realizam trabalhos que exigem maior competência técnica: a aplicação de etiquetas, a passadoria e o acabamento. Neste mês de agosto, eles vêm sendo treinados para costurara com maquinário.

Segundo a diretora da unidade, Elisabete Pinheiro Fernandes, este é um importante caminho para a ressocialização. "Além desses indivíduos saírem da ociosidade da cela, sentem-se valorizados, porque são remunerados e percebem que o trabalho desenvolvido é de qualidade diferenciada. Para eles, é como se recebessem uma promoção", conta. O provento dos presos é de três quartos do salário mínimo - valor dividido em partes iguais entre o interno, a unidade prisional e o pecúlio, uma espécie de poupança que pode ser sacada quando ganharem liberdade.

Continua após a publicidade

Seleção

Um dos critérios para atuar na fábrica parceira é, antes, ter passado por outra oficina de trabalho do Presídio de Divinópolis: a manufatura de lençóis.  A produção, destinada ao sistema prisional mineiro, existe na unidade há mais de 20 anos. No local, atuam 14 custodiados que produzem cerca de 9 mil peças por mês. Há, ainda, a manufatura de máscaras de proteção na unidade prisional mista, onde 11 mulheres presas executam mil itens por dia. Todos eles recebem remição de pena pelos serviços prestados: a cada três dias de trabalhados, um é subtraído da condenação - benefício este também concedido àqueles que dedicam-se à Clothify Denim.

A diretora de atendimento, Caroline Queiroz, conta como surgiu a ideia de selecionar os presos já classificados para o trabalho de costura. “Optamos pelos detentos mais antigos, que já estavam no serviço de confecção dos lençóis, e acertamos. Está formada uma equipe bacana. Alguns já trabalhavam na área, até com familiares; outros estão aprendendo uma nova profissão”, relata.

O preso Ruan Felipe, de 28 anos, por exemplo, empenhou-se na produção de roupas de cama por um ano e meio e está há seis meses na fábrica parceira. "Antes de ser admitido no sistema, eu era cortador têxtil. Aqui, aprendi a costurar, nas máquinas. Quando sair, quero voltar a trabalhar na área e fazer a diferença", diz.

Treinamento

Para o proprietário da empresa parceira, Raphael Soares, uma das grandes vantagens de contratar mão-de-obra prisional é a disposição dos apenados em aprender. "Algo interessante que a gente está testando e tem funcionado é uma capacitação para produtos mais complexos. Não é qualquer profissional que consegue fechar uma jaqueta jeans, exige qualificação, mas eles demonstram interesse e estamos vendo resultado. Percebemos ser possível lançar uma marca, com um produto de primeira linha, feito dentro de um presídio", comemora.

Atualmente, os internos produzem camisetas, casacos, peças jeans, bolsas e outros itens para três marcas da confecção. A expectativa da empresa é lançar mais duas linhas em breve, uma masculina e outra fitness. Para acompanhar e treinar a desenvoltura do ofício pelos internos, o contratante dispõe de um costureiro, que serve de instrutor na manufatura, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h. Além disso, aposta em minicursos, como de manutenção do maquinário.

O detento Bruno Leonardo, de 36 anos, não tinha experiência no ofício, apenas em mecânica de automóveis e, agora, desenvolve habilidades em costura e revisão das máquinas têxteis. "É uma profissão boa de aprender. Quando eu sair do sistema, quero empreender, montar uma fábrica de camisetas, jeans, moletom", planeja.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.